domingo, 31 de janeiro de 2016

Trigésima-primeira noite – Histórias para Tássia – O Presente

No dia anterior ao dia em que tu completares cinquenta e cinco anos [Tássia] eu te darei um presente. [No dia anterior, pois o dia mesmo é aquele dos inocentes bolos e telefonemas de família e etc.]

Será um presente [Tássia] simétrico: vinte e dois anos de idade – vinte e dois centímetros de comprimento, e com a circunferência matematicamente proporcional já considerada a devida plastificação.

Eu [cuidadoso] vasculharei por teu presente [Tássia] vestiários de clubes e academias de ginástica. Por ti analisarei volumes sob sungas e bermudas, e também bíceps e tríceps, que embora não participantes diretos, comporiam a decoração.

Deixarei claro [Tássia] que sou mero escolhedor e não final beneficiário. Acalmarei olhos ansiosos, baixarei pulsações com minhas palavras tranquilas. Esclarecerei [sábio] que poucos homens são bafejados pela fortuna, e aqueles a quem falarei o serão – com teus cinquenta e cinco anos, teus cabelos abaixo dos ombros e tua porcentagem de músculos [quase] perfeita [Tássia] tu és sorte e sonho.

Eu [admirador do grande teatro de Shakespeare e Sófocles] viveria minha noite de diretor dramatúrgico – e como tal comporia a cena, faria as marcações, determinaria a sequência - mas não pisaria o palco.

E tu serias a grande estrela [Tássia] diva que, acompanhada de [mero] coadjuvante, encheria os olhos e corações da plateia.

Plateia que seria eu, Tássia, no dia anterior ao dia em que completares cinquenta e cinco anos.

sábado, 30 de janeiro de 2016

Trigésima noite – Boa ação

Encontrão de casais, clubinho da pesada em Sampa com nome de antiga rainha egípcia e mulher nunca fez minha cabeça. [Chamo-me Teresa]. Exceção – ou perto disso: não foi uma nem cinco vezes que vi amiga louríssima ou morena, decotaço e manequim exato a chegar acompanhada de seu gatésimo  e lá pelo meio estar escanchada com alguma idade-da-loba também nos trinques, com o bicão da outra desparecido na boa e o gatésimo do lado a hastear a bandeira.

Naquela noite de 29 de abril tudo caminhava normal no clubaço: brincadeira adulta de gente muito adulta, os gemidos de praxe, um ou outro grito. A mulher de quatrinho, maridão perto sem participar, garotão a engatar o instrumento, bem fornido, vinte ou vinte e um argumentos bem medidos, por trás.
Súbito [e isso acontece muito] o inesperado – a mulher travou. Medinho na hora [talvez da avantajada vantagem que se aproximava] de alguma neurose-de-tempos-antigos que resolveu melar tudo logo agora, lá sei.

E outro inesperado – inesperado principalmente para mim – ajoelho-me. Toco no rostinho dela – um par de carícias na bochecha – e minhas mãos escorregam pelo pescoço magro, contornam o colo e encopam os amplos seios da mulher de quem eu nem sabia o nome. Ela fecha os olhos, no ceuzinho.

Com as costas de três dedos passo por quatro vezes nos bicos rosa, sentindo-os enrijecer a cada passada. O rapaz que de bobo não tinha nada aproveitou o momento de distração e vi os olhos esverdeados a duplicar de tamanho com o impacto. A partir daí fácil foi.

Uma boa ação minha. Sou uma boa garota.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Vigésima-nona noite – A três, noiva e amigo

A três noiva e amigo e começou inocente, como começam [quase] todas as coisas. Sempre quis, eu, você e outra... disse o noivo com muitas reticências e depois de gaguejar quatro vezes. Eieiei nada de machismo – respondeu a noiva mais à vontade do que nunca pensou. Que tal eu, você e outro? O noivo engoliu em seco, molhado e algo nele se ergueu, a imitar pescoço de girafa se não fosse o aperto do forte jeans.

Como tudo concorre quando os astros querem, coincidiu de naqueles dias um ex-namorado estar na cidade - em breve voltaria aos cafundós do Mato Grosso no qual deixara uma noiva também. Alguém conhecido, de confiança e sigilo garantido –até pelo fato de que tinha o que perder.

Ao passar roçando a portinha apertada [quarto do hotel com fachada em neon] e roçando também o ex a noiva sorriu e meio ao sentir que este já se encontrava em estado de absoluta prontidão para a festinha.

Que começou da maneira mais ortodoxa – um rock na micropista de dança – que evoluiu para o mesmo rock, só que com muito pouco além do triangulozinho de poliamida vermelha a cobrir o corpo da jovem.


E evoluiu para a posição mais tradicional – o papai-e-mamãe-em-noite-de-núpcias das diversões a três – um rapaz ajoelhado em uma ponta; outro rapaz ajoelhado em outra ponta; e a rainha, o nexo, o sentido de tudo, a mulher de quatrinho, a agasalhar com sua boca a um e com a suave fenda entre suas coxas ao outro. E os dois mirando de olhos fechados o céu – céu no qual naquele momento já se encontravam.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Vigésima-oitava noite – Dois casais, uma praia

Tantas coisas começam e terminam como uma brincadeira, imagine que você tenha 29 anos, 11 meses e 5 dias se chame Teresa, e [embora não top internacionalésima] fique muito bem em um biquíni. Imagine que você tenha um noivo muito bem dotado de Inteligência, ternura e outras coisas também. E que decidiram passear naquela praia nudista de quilométrico nome na Bahia.

E vocês andaram e andaram, e mais que nudista era uma praia deserta. Imagine que viram outro casal. Baianíssimos. Vocês se cumprimentaram, discretos e civilizados, mas você não deixou de perscrutar os [não poucos] centímetros do rapaz e a faixa de pelos negros da garota – e se sentiu muito olhada e seu namorado por eles também. Afinal, pensou você, praia de nudismo é para a gente ver as propriedades uns dos outros.

Imagino que eles foram e voltaram. E sentaram do seu lado. E que os homens falavam de bobagens. Você e a outra, não – seus olhares se dirigiam sem nenhum vestígio de pudor para as duas torres, que [discreta mas sensivelmente] se erguiam.

E que você não suspeita de quem foi a ideia: em um repente ordenaram que os dois ficassem de pé, soldadinhos lado a lado. E que seus olhos sorridentes se encontraram com os sorridentes olhos da morena. Só os olhos – pois os seus lábios e a boca de batom gloss rosa da morena se enchiam – cada uma com o falo de seu companheiro. Estes olhavam para o céu, sem ter como agir. Vocês duas tinham vontade de rir – mais divertidas que qualquer outra coisa.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Vigésima-sétima noite – Na chuva para se molhar

Casal a chegar em Casa de Casais leia-se Swing – o de sempre, alguma grana, alguma idade [nununca menos de trinta e cinco], alguma monotonia e muita vontade de destroçar a última.

Tranquilidade no começo – a loura e o barbudo [eles] na beira do tapete vermelhaço marcador da pista de dança só a observar, a pulsação muito gradualzinha a voltar ao normal. Ela colocara o mini vestido azul, o menor do guarda-roupa – só para descobrir que, ali, tal peça rivalizava em moralismo com um hábito de freira.

Animaram-se e um par de goles depois saíram a pesquisar as alcovas atrás da piscina [exatamente como imaginaram, sempre tinha uma piscina]. De quarto em quarto, alguns gritos [menos do que imaginavam] e algumas das damas com máscaras [e bem pouco mais que isso] para dar [talvez] charme.

A loura com os dedos em garra afastou os copos do vestido – e os bicos róseos em forma de pera exuberaram-se para a visão de todos, especialmente a do marido, que pulou uma batida cardíaca ante a visão. Visão essa que logo foi tampada pelas mãos de um rapaz que mais simples do que quem pede copo d´água acariciou por três vezes os bicos da mulher casada que ele vira pela primeira vez há exatos dois segundos, e seguiu seu caminho.


A loura olhou o barbudo, este também a morder o lábio – e depois de meio momento caíram na gargalhada, dentro da melhor filosofia quem está na chuva é para se molhar.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Vigésima-sexta noite – Diferente, agora

- Diferente, agora.

- Vai doer – e ele escorregou no V inicial.

- Mete, cara.

E tom era mais de ordem que de pedido.

Tudo normal até então: coleguinho-de-trabalho a comer coleguinha-de-trabalho, moça deitadinha de pernas abertas, rapaz por cima, tudo [quase] como nossas bisavós aconselhariam, até os mesmos gritos que as paredes do motel muito originalmente denominado Paradise estariam a descascar de tanto ouvir, se gritos descascassem.

Até que ela empurrou bisnagão de creme na mão dele e se colocou na posição – cavalinho – e ele gaguejou qualquer bobagem e a mulher repetiu o quase-comando, ou sem quase.

Brilhante de tensão e gel, o instrumento se fez afundar, ela a puxar fundo o ar com ritmo, ele sem entender.

A primeira etapa do foguete, a mais larga da expedição, terminou o seu sumiço no corpo feminino e ela franzia os olhos.

Segurou-lhe a cintura com marcas de biquíni. Ela jogou a cabeça para trás. Soltou três ais muito finos e dois putzgrila. Ele temia pela dor que estaria proporcionando a ela. Ela lambia o lábio superior. Movia-se, felina. Ele quase que ansiava pelo momento em que ela dissesse que não aguentava mais. E os únicos ruídos passaram a ser a cama redondona rangendo e as perguntas que ele se sentia bobo ao fazer.

- Tudo bem?


- Mete, cara.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Vigésima-quinta noite – Tango, a dois, sem nada, a lembrar Leminski

Em alguma tarde de Janeiro de Dois Mil e Dezesseis [ah, que tempos esses!] dançaríamos um tango [nós dois] ao som do pen-drive espetado no teu mp3. Começaríamos [talvez] com meu smoking [real ou, melhor ainda, imaginado] e tu com vestido que deixaria muito espaço entre a franja de crochê esvoaçante e teus joelhos. 

Os acordes profundos de Corrientes 348 ou um poema de Leminski nos levariam a algum cabaré [esquecido ou inexistente] colado à Avenida Nove de Julho [Buenos Aires 1923?] com almofadas, cortinas pesadas e gatos de porcelana para que não miassem ao amor.

E continuaríamos e eu te giraria [eu o bacana a girar a minha pebeta em algum arrabalde em La Boca] e seguiríamos [não sem sexy melancolia] o nosso Caminito, no qual uma garota vê partir o rapaz para a capital, e pularíamos a parte inocente e pensaríamos no que ela queria fazer com o rapaz, ou pibe, quando este volviera.

Os acordes de Gardel e as rimas de Lepera nos lembrariam o Futuro, que não existiria para nós e para o qual não gostaríamos de nenhuma forma Volver, pois não haveria nem porquês nem lástimas. E não precisaríamos de alfajores de Café Tortoni ou qualquer outro.


E a essa altura [minha muchacha de arrabal] rodopiaríamos [ridícula e lindamente] sem nada, eu e tu [sem precisar de franjas ou bandoneons] ao som de La Cumparcita tocada ao mp3, em algum final de tarde de Janeiro de Dois Mil e Dezesseis.

domingo, 24 de janeiro de 2016

Vigésima-quarta noite – Pergunta Boba

- Sou o primeiro?

- Não, é o milésimo tricentésimo décimo primeiro. Mete, vai.

Ele se sentiu idiota após a pergunta e mais ainda depois da resposta dela. Ela, a pós-graduanda de matemática pura, com cabeça suficiente para pronunciar com correção as ordinais apesar de já enterrado muito do falo do rapagão em seu corpo.

Motel com desconto para universitários, e pelo menos ela não era mais universitária, ao menos não do nível mais baixo. Encontraram-se em bar desses que pululam em torno de campi, cada um amigo de amigo de amigo. Os amigos de amigos foram indo embora, ficaram os dois, recém-conhecidos. Ninguém sabe como a conversa chegou à confissão dele de que era zero, novo-estalando, nenhum minuto de uso.

Ele pareceu pensar com as estrelas por um par de segundos, abanou a fumaça do cigarro que incomodava da mesa do lado e perguntou se ele usaria camisinha. Ele sem saber se a pergunta era genérica ou filosófica respondeu que sim. Ela informou que usava pílula havia dois pares de meses, informou como quem diz que vai ter boa maré para surfar amanhã na Ponta do Areal. Ele achava que não entendia ou sim essa conversa, e só pegou mesmo o sentido quando passaram em frente à luminária neon do Love´s House.

O olhar suplicante por uma explicação arrancou um meio-sorriso dela e a frase divertir-se os dois...? com interrogação e tudo.


Deitou-se e chamou o primeiro assalto. E ele lhe fez a pergunta e se sentiu idiota, e mais ainda após a resposta dela.

sábado, 23 de janeiro de 2016

Vigésima-terceira noite – Les entre casais

Teresa olhou para os caracóis dos cabelos de Heloísa que mirou o lisão alourado de Teresa e as duas não podiam ser mais diferentes – exceto pelo fato de terem por volta de seus quarenta, vontade de experimentar as arquicelebérrimas coisas novas e de terem maridos malucos para verem suas esposas experimentarem as tais coisas com outra mulher. Barzinho-de-classe, canto propositadamente escolhido por ser mais escuro, as duas propositadamente posicionadas uma ao lado da outra, os maridos na ponta. Na cabeça de cada uma a pergunta mesma: como se canta outra mulher?

Um par de coquetéis Alexander e uma classudíssima cerveja Passchendaele ajudaram bastante e Teresa passava leve dois de seus dedos pela coxa da nova amiga a escutar-lhe as aventuras em uma praia de nudismo na Bahia.

Outro par de minutos e Heloísa afundava a língua na garganta da loura e os maridos a pular batidas do coração olhavam para os lados para ver se havia intrometidos.

O beijão continuou na Suíte Tropical de um motel chamado Hollywood´s Class. Teresa já não vestia nada a não ser a blusa bege e quanto à outra, apenas uma tanga esperavelmente vaporosa a separava do traje de Eva.


Coordenação total, como se tivessem feito dezenas antes: uma se ajoelhava, depois a outra. Ambas fizeram tesouras com as pernas. Em muito pouco gemidos encheram o quarto. Os maridos olharam-se, abestalhados. Depois caíram na gargalhada: acho que somos dispensáveis aqui e abriram mais uma Eisenbahn.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Vigésima-segunda noite – Tanga puxada de lado

- Gosta disso?

- Gosto.

Ele gaguejou duas vezes ao responder.

- Então toma.

E as unhas pintadas de violeta-choque se enterraram nos cabelos pretos do cara, e puxaram-lhe a cabeça contra os cabelos mais negros ainda dela, que encheram os lábios dele e lhe entraram intrometidos pelo nariz, a minissaia jeans convenientemente levantada e puxada de lado a tanga branca com estampas do Mickey.

Queria devorar a novata do telemarketing. Em vez do medo ou da indignação esperáveis, recebeu o olhar dela a percorrê-lo a baixo a alto, demorando em análise no volume na calça azul-marinho. Por um par de segundos tolamente pensou a moça é veterana. Mas macho não recusa.

No motel de segunda no Centro ele mal fechara a porta quando a mão dela o puxou para a cama, deitado de costas, e ofereceu-lhe o espetáculo de sua faixa de pelos a três dedos de distância do nariz dele, os joelhos dela a encostar nas orelhas do colega, e perguntou se ele gostava daquilo.

E pouco mais se ouviu no quarto com um tolo quadro de paisagem de moinho holandês, além dos gemidos da moça, com ritmo impecável, que acompanhavam a pressão que ela fazia do rosto dele contra o suave caminho róseo que ela oferecia.

Caminho esse que enchia os olhos e boca do rapaz, e do qual sentiu a primeira descarga do mel-de-amor da moça, acompanhada de gemidos apenas um pouco mais rijos.


O garoto assustadiço dentro dele avisou a ele que, ao contrário da expectativa, ele estava a ser usado. A jovem puxou-lhe a cabeça com um pouco mais de força.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Vigésima-primeira noite – Histórias para Tássia - Na Mesa

“Se eu pudesse ser quem sou, Tássia, eu arrebentava o zíper do teu jeans preto. Rasgaria tua tanga de baixo a alto. Jogaria teus tênis cor de rosa a metros de distância. Amassaria tuas meias azul-clarinhas. Faria com que saltassem cada um dos botões de sua blusa. Esfarelaria teu sutiã vaporoso com crochês de folha de parreira. ”

“Se eu pudesse ser quem sou, Tássia, as veias dos meus braços saltariam ao te levantar pela cintura e te colocar em uma mesa. (Não uma mesa com toalha de rosa e rendas, mas uma mesa forte, lisa e nua –como você, Tássia). E minhas mãos te separariam os joelhos, o mais que eles pudessem, e ainda mais um pouco, e entre o bosque negro surgiria um riacho delicado e carmim. ”

“Se eu pudesse ser quem sou, Tássia, eu te giraria, e também me libertaria de excesso de panos, e surgiria um outro eu, muito horizontal, a apontar-te sem hesitação e pudor. E colocaria esse pedaço do meu eu entre o batom gloss bege de teus lábios, Tássia, e desapareceria entre eles, cada vez mais fundo. Eu veria tua garganta esforçar-se, Tássia, a abrigar vez mais de mim”.

 “Se eu pudesse ser quem sou, Tássia, eu te contemplaria como um gourmet a seu banquete, e você seria o banquete, Tássia, e teus bicos muito saltados seriam as cerejas do bolo. ”


“Se eu pudesse ser quem sou, Tássia, eu desapareceria inteiro em você, meus cabelos a confundir-se com os seus. E você se remexeria, Tássia, e clamaria por dó. Piedade essa que eu não teria, Tássia, não teria”.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Vigésima Noite – Liberou Geral

Festa de casais, adultíssima, mansão com jardinzaço em Higienópolis, Liberou Geral. Casais e um avulso. Para ser avulso, precisava de méritos. E o moreno tinha vinte e dois méritos muito bem medidos, por isso o deixaram entrar.

Aprendeu logo as regras – primeiro um banho, depois era absolutamente livre vestir-se de Adão sem folha de parreira. Caiu na festa. Ainda tímido acariciou um par de seios – lembra apenas da aliança na mão esquerda da mulher e do sorrisão na cara do marido.

Animou-se – leia-se enrijeceu-se como água em freezer. Precisava aliviar-se – enfiar aquilo tudo em algum buraco. Entrou num corredor em busca da sala grande, de onde vinham gemidos.

Súbito na frente dele saiu por uma porta uma loura (ainda deu para ver umas mechas de cabelo preto) carregando dois copos plásticos – sentiu o cheiro adocicado da caipirinha.

A loura das mechas vinha para sua terceira festa swingueira – marido a tiracolo. Na primeira (tímida) permanecera de sutiã e calcinha. Na segunda arriscara uma rápida com um amigo do marido, com presença aprovadora deste. Na terceira decidira deixara cair a tanga e nunca se sentira tão livre ao ir à cozinha pegar bebidinhas.

Ao sair sentiu duas mãos a agarrá-la pela cintura e foi em fração de segundo: apertou o falo para assegurar-se da plastificação, deixou cair os copos.

Outros casais passavam divertidos com a cena, os seios da loura balançavam.


E nunca souberam o nome um do outro.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Décima-nona Noite – Aula de Biologia

Casal de universitários, na verdade nem casal – pouco se conheciam além de duas ou três olhadas, ele do quinto ano ela do terceiro, a beirar o casual na lanchonete do Bloco D, que tinha a fama de ser a menos pior do campus.

E nossa história nunca teria acontecido se não fosse o encontro nacional dos estudantes. E não teria acontecido se não fosse a convergência de três fatores, uma amiga tonta de sono e viagem, que convenientemente foi puxar roncos no quarto ao lado; um par de chopes, apenas um par, nada a mais; e a curiosidade da moça de saber o que os rapazes, e especificamente aquele rapaz alouradinho, tinham de tão tonitruante sob os ásperos jeans.

Por isso não se deu ao trabalho de beijá-lo. Naquele momento mais professora ou chefe de laboratório, encostou-o à parede (ele nem pensou em recusar, apesar do susto, pois macho não recusa). Baixou-se como quem se põe em posição para examinar melhor o animalzinho com o qual experimenta. E meio-sorriu a ver que a experiência, ao final, funcionara: o volume cresceu, a estufar e testar a resistência do tecido azul, após ser percorrido com as costas da mão da moça.

E pulou após a liberdade – liberdade essa concedida mais que conquistada, conquistada pelas mãos dela que com infindo cuidado para não machucar o seu exemplar abriu-lhe o zíper – seguido pelas delicadas fontes quase esféricas do tesão completo, que ela também trouxe para a sua visão e a do mundo.


E começou a aula de biologia.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Décima-oitava Noite – Hotel de Praia

- Está gostando?

- Quieto – disse ela.

Os bicos escuros a dançar roçavam-lhe nos lábios enquanto ele estupidamente pensava: o dobro perfeito. E era mesmo: vinte e dois anos ele, quarenta e quatro ela. O sonho masculino: uma festa em hotelzinho de praia oferecida por primo do amigo rico, o biquíni violeta e os óculos-de-intelectual da conhecida da tia do amigo, a conveniente saída deste chamado por outros para chope.

E a conversa sem compromisso entre o estudante e a mulher em idade-de-loba. Sem compromisso, mas não conversa mole – ela disfarçava cada vez menos as olhadas ao volume na sunga do garotão. Volume este que crescia a cada espiada do rapaz à marca do sutiã dela.

O quarto no hotel que ela ocupava, convenientemente só dela, forneceu o cenário perfeito. Ela ajoelhou-se, perfeito controle, diretora da peça, e seus dentes lhe puxaram o fio da sunga. Não se passaram muitos segundos até que as mãos de unhas bege-brilhante lhe libertaram o falo. Ela lhe passou as costas da mão e ele reagiu em dois pulos – e ela o fez como quem examina o funcionamento de uma peça.

Ele obedeceu à ordem dela de se deitar, à ordem dela de ficar quieto enquanto ela empreendia o seguro ritual da plastificação. Acostumado a obedecer, observou em silêncio o próprio falo desaparecer, sugado pelos pelos dela, que o guiava com os ágeis dedos e mirava de olhos fechados o teto de lâmpada quase-verde. Ele perguntou se ela estava gostando e ela o mandou ficar quieto.


E ele ficou.

domingo, 17 de janeiro de 2016

Décima-sétima Noite – Heloísa e a ex-aluna

 - Mas Helô, isso não é coisa de lésbica? – e Kátia mordeu o lábio diante do suprassumo de ingenuidade que acabara de proferir.

- Não. Lésbicas se amam, querem viver juntas, querem casar. Tudo bem. Deixa elas. Eu e você só queremos curtir. Você não? – e os dedos de unhas quase-violeta deslizaram sob a blusa da outra e encontraram um bico já rígido.

Heloisa, Professora Heloísa, tinha fama de ser exemplo de ética, tanto entre os colegas catedráticos, entre os alunos de Sociologia IV e para o ex-marido, mesmo depois do divórcio. Notara Kátia, sempre quase-a-sorrir, sempre nas primeiras fileiras, e não fizera nada. Esperara a garota se formar e depois sacou um velho número de telefone anotado. Convidou-a para pizza.

Da pizza a conversas sobre ex-marido de uma e ex-noivo da outra, daí a conversas sobre meses de secura, e a professora ajeitou os óculos grandes-de-intelectual e propôs curtirem uma à outra naquela noite. Nada demais, só se divertir. E Kátia mordeu o lábio após sua pergunta hiperingênua.

Kátia cinco exatos minutos depois de fecharem a porta já se perguntara por que nunca fizera isso antes, tão fácil. Seu topless foi quase imediato e meio minuto depois seus seios com marca muito definida de Ipanema se encontrava com os da ex-professora, em doce atrito.

Uma hora muito rápida depois e antiga aluna vestia de novo a calcinha-tanga verde-abacate. Helô fazia o mesmo com a sua, vermelhíssima.

- Adorei – disse a aluna. Também – sacudiu os cabelos Helô.


E nem se despediram. Só diversão sem compromisso.

sábado, 16 de janeiro de 2016

Décima-sexta Noite – Doce Caso de Amor Pago

Foi o não-casamento perfeito: Rebeka, 21 aninhos, a virgindade perdida há muitos mas não tantos, cabelos encaracolados e família a três mil quilômetros, viera para a cidade grande com dinheiro para a faculdade, mas não o suficiente para batons Yves Saint Laurent e os Chanel número cinco. Marcelo, 36, muitas cédulas de cem no banco e muita disposição. Tinha um fim de semana prolongado longe da esposa chata – e a delicada tatuagem de golfinho no pulso esquerdo da jovem universitária a lhe dar ideias. Tatuagem que ela mordiscou enquanto lhe cravava os olhos cor de mel.

Ilha em Angra dos Reis, desembarcaram. Pousada em ponta de praia, pé na areia. O expediente: um bom dia papai-em-cima-de-mamãe, as pernas muito alvas de Rebeka separadas como novata em noite de núpcias. Depois um café na cama com bolinhos de morango e mais uma sobre a firme mesa de madeira, a jovem inclinada a contemplar ao longe a paisagem da Mantiqueira.

Depois o passeio na praia, com a tanga de asa alta da mulher, muito alta, muito entrada, a proclamar à Ilha, à Província e ao Universo que aquela jovem mulher já não era mais virgem – e que o homem ao seu lado e seu falo eram quem lhe usavam o corpo.


Guardavam o final da tarde para a sofisticação: eram então os dois que contemplavam a bela montanha, pois olhavam na mesma direção, o corpo dele grudado sem saber como se separar por trás do dela, a moça a franzir o rosto e sorrir, alternado e misturado, numa lua de mel sem futuro e sem poréns.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Décima-quinta Noite – Três na cama entre lençóis

Três na cama entre lençóis e as pernas da jovem mulher morena, muito morena se entrelaçavam nas pernas do casal que a convidara para um fim de semana e talvez-um-pouquinho-mais em um hotel de charme. Sua tanga e seu sutiã já voaram antes que pudesse contar até cinco, e as mãos do marido e da esposa lhe percorriam cada centímetro de aveludada pele, enquanto suas mãos próprias, Pedro Álvares Cabral dos tempos modernos, também exploravam cada desconhecido recanto dos novos amigos.
Três procurando o contato inteiro de suas peles com suas peles. As mãos da charmosíssima esposa encontraram os pelos suaves entre as coxas da amiga, com a sofisticação de tocar o delicado ponto entre o bosque negro onde ela se fazia úmida e mulher. A jovem fez pular o falo do marido, em forma aos cinquenta, que com a ponta lhe percorreu a barriga e as coxas, como a escrever-lhe um poema destituído de qualquer pudor no corpo.
Jovem essa que queria usar os dois, não apenas ser usada [amor, ali, era mais estranho que algum alienígena de Alfa Centauro]. Afastou as coxas da outra e dois, depois três de seus dedos se enterraram junta por junta entre os cabelos lourinhos, o marido a sorrir à penetração de sua mulher por outra mulher.

Casal-de-três convencional, nada estaria completo sem o tradicionalíssimo o-marido-entrar-na-outra. Com a esposa a tudo ver, as coxas afastadas a não mais e a mão direita a agitar-se entre elas, a energia do ciúme a transformar-se em movimento. A jovem gritou duas vezes.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Décima-quarta Noite – Recordações eróticas de um cavalheiro (Miss E)

Sodomizei Emanoela sobre uma escada, na época em que lia Tudo será como da última vez – uma biografia de Erich Maria Remarque. As linhas da marca de sutiã nas costas cor de oliva [a magnífica paisagem que ela me oferecia] e a calcinha-tanga cereja [que seus tornozelos bem afastados um do outro retesavam até transformar em delicado fio] me lembravam as colinas belgas em Dixmude, tão bem descritas pelo bardo tedesco.
Penetrei-a com doçura mas sem descuidar da firmeza [Emanoela voltava o rosto como que a quero assistir os detalhes de um espetáculo, os milímetros a desaparecer no interior de seu corpo]. Cada assalto sacudia-lhe os cabelos em caracol, enquanto seu corpo apertava suave e com ritmo o seu invasor.
Minhas mãos envolveram os seios de Emanoela enquanto meu corpo amava fisicamente o seu corpo [o único amor verdadeiro e puro que o mundo talvez jamais venha a conhecer] e amava da maneira mais original, por trás. Nossos rostos [pois olhávamos os dois na mesma direção] miravam uma paisagem de algum rio perto de Dresden, cidade que o artista alemão tão bem conhecera [o batom gloss bege de Emanoela a me marcar os dedos da mão, que impedia que seus gritos (de extraordinária força pelas sensações extáticas e dolorosas que sentia) atingissem os ouvidos das outras pessoas na festa, dois andares duplex abaixo].

Amei por trás Emanoela quando lia um romancista alemão – e não houve conflitos, lenços para os que partem e nem melancolias do que sempre deveria ser como da última vez.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Décima-terceira Noite – Marirejane e Kerginaldo

- Por favor, Kerginaldo, não deslize sua mão debaixo na minha blusa, Kerginaldo, por favor. Nenhum homem jamais tocou nos meus seios antes. Eu gosto de você, mas não pensei que as coisas chegassem a esse ponto. Quando você me convidou para ficarmos um pouquinho atrás da igreja, eu pensei que era só para ver as estrelas. Não desabotoe minha blusa, Kerginaldo. Não baixe o meu sutiã, por favor. Não me faça deixar de ser pura, Kerginaldo. Não me faça deixar de ser inocente.
- O que é isso, Kerginaldo. Eu nunca vi isso antes. E é tão longo. Aí não, Kerginaldo, por favor. Não ponha sua mão nesse lugar. Por favor, Kerginaldo, eu quero entregar o selo da minha pureza como presente para meu futuro marido na noite de núpcias. Não levante minha saia, Kerginaldo. Pensei que você só queria tomar ar comigo na noite. Não deslize minha calcinha pelas minhas coxas, Kerginaldo. Pensei que só o meu futuro esposo que faria essas coisas.
- Não meta na minha florzinha, Kerginaldo, por favor. Não meta, não meta. É muito grosso e grande, Kerginaldo, e não tenho certeza se vai caber. Você está meu fazendo viver os últimos momentos de minha inocência, Kerginaldo, meus últimos instantes como moça direita.

- Ai, entrou a cabeça, e me disseram que agora o resto vai fácil. Não sou mais pura, Kerginaldo, não sou mais inocente. Agora sou uma safada, Kerginaldo, uma putinha. Agora vou me comportar como danada. Mete nessa boceta, cachorro, manda ver, fode, quero ver para que essa pica vale, senão troco por outra.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Décima-segunda Noite – Fantasias para Tássia (I): Sem Amor

- Tira toda a roupa, deita e abre as pernas.
Ela levantou a blusa fofa com estampa florida, fez a midi-saia deslizar pelos joelhos, a tanga quase vermelha fez companhia ao sutiã transparente na cadeira perto dos salto-alto. Colou o corpo na cama retangular, afastou as coxas mais que isso impossível, abriu os braços e fechou os olhos.
Ele sorriu quase a não perceber, com o suave caminho cor-de-rosa a surgir entre os pelos alourados da jovem.
Ela retesou-se o corpo ao se sentir dividida ao meio – e teria gritado a alertar metade da vizinhança da Rodovia QZ-6703 que ela era uma mulher que estava a ser empalada por um homem – se a mão dele não a tivesse tapado a boca. O falo do macho não simbolizava nada, muito menos amor – apenas era um instrumento de homem que golpeava com ritmo e sem qualquer vestígio de dó uma fenda de mulher – os bicos dela a dançar acusando cada golpe.
Os golpes que afinal a convenceram a abrir a boca em uma torrente de mete mais, de cachorro, de taquipariucaralho. Infindas estacadas depois ele se tirou – e ela sentiu uma sucessão de jatos  de creme branco e muito denso atingiu-lhe os bicos escuros e o queixo com extraordinária regularidade.
Creme esse que deu trabalho para tirar com a toalha azulíssima que ele lhe passou. Ela vestia de novo a saia jeans. Ele dava o nó na gravata.
- Tem uma racha incrível. Parabéns.

- Obrigada – disse ela, moça educada. E achou aquele elogio melhor que qualquer eu-te-amo.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Décima-primeira Noite – Duas

---- > Conte-me agora uma dama-dama.
“Sempre imaginei as professoras de francês como claras e cloróticas, e agora vejo uma, que se chama, bem convenientemente, Michelle.
Sempre imaginei as motoqueiras com jaquetas de couro, botas, tatuagem de serpente no antebraço direito, e a fazer muito vruuum nas suas Harley-Davidson. Maritza faz tudo isso.
Michelle tem 24. Maritza tem 23.
Maritza pensava, com seriedade, em comer Michelle.
Convidou-a para uma easy ride. Sentiu o corpo encostar leve no seu quando a professora subiu na garupa da HD Iron 883.
Pararam em um Food-truck dos bons, up-five. Sentadinhas no trilho, coxa-com-coxa, a da professora a roçar leve, depois nem tão leve, a deixar a motoqueira com a cabeça nas estrelas. Para desanuviar o clima ofereceu um chopp – a professora recusou pouco menos que horrorizada. Diante disso nem uma gota de álcool.
Concluiu a motoqueira que nesse mato não tinha coelho. Caminho para casa, a professora abraça a conhecida. A motoqueira ficou suspensa na dúvida de se engano.
Tirou a dúvida quando a voz atrás disse Dobra aqui – era uma placa em neon Pleasures´ Paradise.
A dúvida acabou de vez quando adentraram o quartinho cor-de-purpurina: “Tira a jaqueta.” “Deita”.
Sempre imaginei as motoqueiras como duronas e as professoras de francês como virgens cloróticas. Assem pensava Maritza – mas passiva os braços abertos - os pelos da amiga a lhe encherem os lábios lhe contavam outra história”. 

domingo, 10 de janeiro de 2016

Décima Noite – Plural

- Vamos a três?
E as mãos dela escorregam na mesa do barzinho em busca das deles. Que gelaram.
Ex-colegas da pós, encontro-para-saudades, todos pouco depois dos trinta, um separado, ela também, outro solteiro, empregos até razoáveis. Um par de coquetéis na cabeça com cabeça de cada, sem esquecer o pouquinho de vodca. Muita conversa mole, fofoca, as recordações aos poucos morrendo e ela como quem pede copo d´água faz a pergunta fatalíssima. Os dois homens se olharam rápidos, e se tivessem combinado não teriam tomado o gole adicional com maior sincronia.
A mesma sincronia com que ela deslizou a calcinha-tanga não pouco transparente do hotelzinho intimista-porém-classudo, com uma tola decoração estilo mexicano-falso. Calma como Bruce Lee se colocou de quatro, dando aos dois a esplêndida visão da faixa negra como graúna entre suas coxas. Os cavalheiros, um a vestir apenas uma minúscula tatuagem adolescente perto da orelha e o outro em uma ridícula cueca azul-clarinho, obedeceram bons meninos ao gesto dela em direção a dois envelopes brancos com circulozinhos melados dentro.
- Você, pela frente.
E envolveu com os lábios de um batom glitter de fosforescência quase bege dois terços do amigo, enquanto o outro cavalheiro brilhante pela tensão e pela borracha desapareceu quase inteiro entre os pelos negros muito suaves.

- Depois, troca – disse ela.

sábado, 9 de janeiro de 2016

Nona Noite – Histórias para Tássia – Seríamos atores

“Se eu tivesse meu mundo, Tássia, seríamos atores – e falaríamos muito pouco em cena agiríamos muito, e usaríamos roupas apenas nos primeiros momentos – aqueles em que os clientes no DVD ou no Youtube tapam os ouvidos para as bobagens.
E eu te elevaria pela cintura (essa cintura de garota de programa, essa linda garotinha de programa que você seria) e contra o roteiro do filme (se é que filme da pesada se importa com um) te jogaria numa mesa (uma mesa bem fosca para você fosse a única a brilhar) e minhas mãos em garra (Tássia) abririam um rasgão na tua calça de moletom verdão (você apesar da experiência olharia mordendo os lábios para o câmera, para saber se isso estava mesmo no roteiro). E faria tua calcinha negra-transparente-quase-a-não-existir em pedaços tão pequenos que seria difícil a continuísta catá-los no chão depois).

E eu te comeria, Tássia, enfiaria em tudo que você tem de mais teu, em todo caminho explorado ou inexplorado por outros. E te comeria na frente do diretor, do câmera, da continuísta, do contrarregra, da garota que mede a luz. Enfiaria em cada buraco seu, Tássia, calma, alternadamente, e voltando para algum já penetrado antes. Eu te comeria na frente da equipe (eu vestindo minha tatuagem de longboard, você a usar apenas um Chanel 5), dos DVDs de revista barata, nos vídeos vazados em saites da pesada. E eu metendo em você Tássia (você de costas, de bruços, cavaleira, por trás e de lado). E esse comer seria o nosso verdadeiro, eterno e público casamento. 

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Oitava Noite – Histórias para Tássia: Atores da pesada

(Gilberte) ---- > Conte-me uma como nas “Mil e Uma Noites”.
(Marcel) - > Com imensurável alegria, ó minha Sultana!
---- > Deixa de lero e manda.
- > Tem uma cara chamada Tássia. E tem um cara chamado Mauro. Mauro escreve cartas para Tássia. Assim:
Se eu tivesse o meu mundo, Tàssia, você teria cabelos louros-à-força encaracolados até os ombros, tatuagem de unicórnio a beijar-lhe as coxas e outras de libélula a pular sobre os ombros, usaria um jeans a entrar cada dobrinha, e boca de batom fortão em eterno masclar de chiclete. Você faria extras de noite, gostaria de fazer extras à noite, ganharia muitas notas de cem contos por cada extra à noite.
E eu seria Rick (e teria esquecido até o nome de cartório) o mais longo dos atores de filmes da pesada – o bronzeado de fábrica vindo das tardes de surfe na segunda-feira, os bíceps de malhação quase sem fim regada à proteína. Eu teria 23, Tássia, não 23 anos de idade, milhões ou carros, mas centímetros, comprovados e atestados, que me garantiriam vaga de coadjuvante em filmes porn (as damas sempre são as principais).
Você seria uma putinha, Tássia – uma linda puta, a mais puta e a mais linda das putas – e eu seria teu gigolô, putinha Tássia, eu seria Rick, ou Derrick, ou Roy, ou qualquer nome para fazer anúncio para viúvas ou casai em saites proibidos-para-gente inocente. E nenhum de nós dois valeria nada, minha linda e puta Tássia, do seu lindo e puto Rick.

---- > Continua amanhã. Quero saber.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Sétima Noite – Três Histórias de Loba (III): Machos não reclamam

O mundo se inverteu para o rapaz com o improvável nome de Edilberto ao trancar ela o quarto azul-e-lilás do motel – o Hyundai HB-20 zero ainda a ronronar a ventoinha do motor. O carro dela, o corpo dela adivinhado debaixo da seda verde.
Dele era o sonho – o sonho de todo homem: ir a uma festa, passar uma conversa no ouvido de uma desconhecida e terminar a noite a brandir-lhe a tanga.
Dera ela o nome nem um pouco incomum de Marisa. E também a idade – 49 anos e três meses, quase a ter orgulho – e o número de divórcios, dois. E ele prestara atenção – apesar dos seios que pulavam do megadecote do vestido, aparentemente desenhado para cobrir os bicos – e só talvez um pouquinho mais.
Os seios e alguma conversa bastaram para arrastar o rapaz ainda sem o primeiro emprego que celebrava a primeira semana de formado na festa do amigo do cunhado do vizinho.
Os seios que agora o sufocavam, a cabeça dele pressionada contra os três dedos de diâmetro dos bicos – ele sem conseguir libertar direito a ridícula cueca bege.
Continuar a tentar, deitado – sem conseguir ainda pois o Negror do Mundo caiu literalmente sobre ele. Negror este da floresta suave que dividia entre as coxas dela – desenhadas por uma marca de quem foi à praia com biquíni lá não muito grande.
- Gosta, gato? – perguntou-lhe ela, sem se lembrar de lhe dar um refresco a quase sufocá-lo.

Ele preferiu que estivessem de mãos dadas a tomar sorvete. Mas macho não reclama. Pediu mais. E ela lhe puxou de novo para si a cabeça, força dupla.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Sexta Noite – Três Histórias de Loba (II): O Presente

Começou com aquela de vou lhe dar um presente. Casal de idade-meia: aquela em que a vida decola ou desaba. No caso decolou: ele aos 56 a levantar pesos na musculação – ela aos 47 enxutíssimos barriguinha-de-vinte-e-cinco, trinques-nos. Ele coração a dar latidos, exatos dezesseis dias antes do aniversário dela: Vou lhe dar um presente.
O presente: a compensação ter por casado virgem, machista beeem moderno. Ela a morder lábios perguntou se ele gostaria. Ele disse que s-s-s-s-im e as duas semanas seguintes foram a se roer de medo que ela desistisse.
Não desistiu: Motel com o nome idiota de Love´s Paradise, ele saiu do breguíssimo banheiro com piscininha de jato – na verdade saíram – com ele vinha o presente: vinte e dois anos e vinte e três centímetros – garoto tímido do interior morador em república de estudantes – que deu um trabalhão ao marido para convencer de que ele não seria nem degolado esquartejado ou abduzido por extraterrenos – apenas enterraria seu digníssimo instrumento onde ninguém poderia vê-lo – com o apoio e torcida do marido.
A visão dos dois falos um plastificado e outro ao natural a apontar-lhe não sem arrogância eliminou a taquicardia dela – abriu os braços, atraiu-os para si, mas, boa anfitriã, deu preferência ao visitante e trinta e sete segundos depois praticava o nobre esporte do hipismo com o rapaz como cavalo, que não sem timidez lhe tocava os bicos.

O marido preparava drinques – e pensava que a esposinha também não precisava ficar tão entusiasmada.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Quinta Noite – Três Histórias de Loba (I): Amigo do amigo

“- Isso se chama começa com bo continua com ce e termina com ta. Já viu?

Ela já vira – em revistinhas de nome gringo e websites da pesada que sempre dão um jeito de incluir no nome a palavra porn. Fora disso só em imaginação, sempre ajudada por trabalhos manuais. Mas macho é macho, mesmo com vinte e duas primaveras sempre que tem de conhecer o Kama Sutra, ou ao menos dizer que.
- Já – disse ele sem convencer nem a Velhinha de Taubaté, a única que acredita no governo.
O cenário [quase] de sempre: a festa de família rica na beira da praia - pouca roupa, rapazes de calção justíssimo e a economista tia do afilhado.
A economista: quarenta e dois aninhos, um divórcio celebrado anteontem, ex-marido de consistência de geleia aguada e vontade de experiências de mulher livre. E Afrodite coloca no caminho dela um universitário campeão-de-timidez, amigo do amigo do primo em segundo grau do dono da festa, sem saber direito o que fazia.
Três chopes depois ela o puxa para o quartinho ao lado da piscina – as mãos dela trancam a porta e puxam o jeans da minissaia – e a tanga de um azul muito suave para o lado.
- Já – diz ele.

Se não vira, menos vê – os pelos muito negros da mulher adulta e recém-separada que ele olhara pela primeira vez havia uma hora e sete minutos lhe entravam pelas narinas, enquanto os dedos firmes dela lhe puxavam sem dó a cabeça para si. Ela gemia. Ele pensava se devia confessar tudo para a namoradinha.”

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Quarta Noite – Leiderejane e seu Oliveira (Final)

(Gilberte) - > Que tal assim?
“Leiderejane, garotinha 21 anos menos-que-direitinha, Seu Oliveira careca barrigudo na secura e milionário-do-lugar. Ela se debruça na mesa do bar fechadão, uma da manhã. As mãos dele escorregam-lhe a tanguinha violeta até os tornozelos. Os tenros pelinhos da jovem aparecem lindamente para o mundo, entre as bochechas do bumbum durinho.
- Ai, Seu Oliveira, tá tão duro. Por favor, Seu Oliveira, é muito grande. Ai. Ai. Puxa, Seu Oliveira, não sabia que era assim. (A mesa mal-ajambrada range). As outras me disseram: “pega um velho, é geleia pura. Ele não aguenta.” Não sabem de nada, as tolas. Ui. Pensei que fosse moleza, Seu Oliveira. Não era. Ai.
- Seu Oliveira, o senhor não está enganado? Está entrando pelo lugar errado, Seu Oliveira, não é por aí. Ai. Ai. Três ais. O senhor acha que cabe, Seu Oliveira? Há muito tempo que não faço por aí. Teve um antes. Na verdade teve dois. Mas eles eram mais finos, Seu Oliveira, eles não eram assim. Para, Seu Oliveira. Não, não para, Seu Oliveira, Tá gostoso. Mais. Bum duro. Ui.” Que tal?
(Marcel) ---- > Não teve pena da pobrezinha! Eheh

- > Eu sou Leiderejane, bobo. E também o quase-asqueroso Seu Oliveira. Conta agora três seguidas. Vou fechar a boca e o teclado. Até a manhã que vem.

domingo, 3 de janeiro de 2016

Terceira Noite – 2:35 da manhã - Leiderejane e seu Oliveira (II)

(Gilberte) - > Leiderejane (peitinhos durinhos e bicos a furar o topzinho não-muito-caro) quer brincos e esmaltes dos bons. E Seu Oliveira dono de bar (barriga de Heineken e nenhum cabelo na cabeça) está na secura há seis meses. Bom dia. Continua, vai.
(Marcel) ---- > Continua que combinam de falar depois do último de pé-de-cana sair do bar. E Leiderejane colocara uma tanguinha mais-que-enfiada. Para qualquer eventualidade.
- > Boa Menina. Vamos adiantar. O último chato bêbado sai...
---- > ... e Seu Oliveira começa com uma conversa de amor e você-é-uma-gata, e Leiderejane corta essa bobagem com um par de lambidas no pescoço do quase-velho mas safado.
- > Tira essa embromação e dá um fast-forward. Trinta, não, vinte minutos depois...
---- > ...vinte minutos depois um observador interestelar veria o corpinho jovem e doce de nossa heroína lindamente apoiado de quatrinho em uma mesa rígida...
- > Bem rígida.
---- > Bem rígida – a tanguinha violeta arregaçada até a barriga das pernoquinhas, os grandes bicos marrons dos peitinhos não muito-grandes a dançar malucos, a massa corporal de Seu Oliveira lhe dar estocadas como bate-estaca de prédio.
- > Então nossa heroína se deu bem!
--- > No começo. Joga a cabecinha olhos fechados para trás: Oh Seu Oliveira, pensei que fosse mais mole. As outras me disseram que um velho ia ser fácil. Oh, Seu Oliveira, é muito duro. Nunca pensei que fosse tão grande. Taquipariu... Arde mas é tão bom. Vai, Seu Oliveira, não para...

- > Quem para sou eu. Tenho que esquentar o leite. Chatura.

sábado, 2 de janeiro de 2016

Segunda Noite – Leiderejane e seu Oliveira (I)

(Marcel) ---- > Quer dizer uma história de classe?

(Gilberte) - > Não. Quero dizer uma história sem classe.
---- > Você é uma mulher de classe.
-> Por isso quero uma história sem nenhuma. Vai, começa.
---- > “Se eu tivesse meu caminho, Gilberte, você não se chamaria Gilberte. Você se chamaria, digamos, Mariana? Ângela?”
- > Que nada, classudo demais. Que tal Mariúrsula? Ou Leiderejane? E para evitar grilos ou grelos, vamos colocar nossa Leiderejane com vinte e um aninhos?
---- > “Tá. Você, Leiderejane, vinte e um aninhos, mora longe, Leiderejane. Beeeem longe. Mais longe que a última conexão do ônibus. E tem os cabelos muito pretos estirados na cabeleireira baratinha da esquina.”
---- > Esqueceu o shortinho curto apertado e o bumbum durinho. E a blusinha sem sutiã.
- > Também isso. E como sempre acontece beeem longe, tem um dono de mistura de boteco, mercearia e armarinho, flâmula do Vasco e anúncio de cerveja de quinta.
- > Huumm, estou a gostar. E como se chama ele?
---- > Seu Oliveira. Seu Oliveira é barrigudo e careca. E passou há pouco dos sessenta. Sua mulher o abandonou para viver na Bahia com um caminhoneiro vinte anos mais novo.
- > Deus, Seu Oliveira é o homem dos meus sonhos. Suponho que ele seja o milionário do lugar.
---- > Exato. E nossa Leiderejane gosta muuuuuito de esmaltes de unha, um por dia, se pudesse. Além das tinturas para cabelo que fosforizam ao olhar. E o pobre Seu Oliveira está na secura há seis meses e dezessete dias.

- > Tenho que ir. O menino chora. Exatas cinco da manhã.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Primeira Noite – Gilberte e Marcel

[Três da manhã, dois numa sala de bate-papo na Internet].
---- > Afinal, o que ele tem?
- > Síndrome de Rh... Nem queira saber.
---- > Desculpe, não conheço essa doença.
- > Nem queira. Cada vez mais dependente de mim. Ele dorme agora.
---- > E você, o que faz além de cuidar de seu filho ?
- > Só cuidar dele. Mulher de meios independentes. Vá, família riquinha, sejamos claros. Por enquanto deixei o trabalho. Ex-marido também ajuda. Com dinheiro, só. E você?
---- > Queria ser um explorador solitário. Tipo Amyr Klink, sabe? Barcos, Polo Sul, Descobertas, ir atrás de patrocínio, depois enfrentar valentemente Tempestades, essas coisas.
- > Não me parece muito feliz.
---- > É mais chato do que eu pensava. E muito solitário.
- > Aí na Patagônia não tem nenhuma pin-gui-nha-zi-nha para você abusar da coitada?? Eheh
---- > Muito engraçado. E nem é a Patagônia. Estou muito mais ao Sul, paralelo 65, essas coisas. Pela escotilha posso ver um Navio Rompe-Gelos da Marinha chilena. Veio ontem.
- > Deus, que Programão ver um navio quebrar gelo! eheh
---- > Eu e você, duas pessoas, na verdade dois geradores de palavras em um teclado, no mesmo fuso horário, separados por seis ou oito mil quilômetros, unidos pelas tristezas e...
- > Conte-me histórias de sacanagem.
---- > ...... Você quer dizer, histórias aham de amor?
- > Não cara, quero dizer sacanagem – sexo -  meteção – aquilo-naquilo – pega qualquer metáfora que quiser.
---- > E você acha que isso fica bem? Imagina, você, a devotada mãe de um filho com problemas – eu, um teoricamente bravo e realizado explorador solitário...
- > Ai, se continuar esse draminha eu choro. Inventa aí um nome para você.
---- > Marcel. Sempre quis.
- > Boa. Um nome francês. Chame-me Gilberte.
---- > Gilberte.

- > Conte a primeira.