quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Centésima-quadragésima-oitava noite – Heloísa e as pupilas - uma transa a três (III)

  • Marcel?
  • Oi.
  • Muito frias as coisas?
  • Estou perto da base russa.
  • Ansiosa para o resto da história. A Professora Heloísa, a aluna Isabelle, e qual o problema?
  • Lá vai:
  • ...e tudo se encaminhava para o momento em que a divorciada e charmosíssima professora Heloísa e a solteiríssima e [quase] inocente vinte-e-poucos aluna Isabelle se encontrariam para um momento de disposição [ou curiosidade] em algum quartinho depois de algum por-do-sol em alguma sexta-feira na qual nenhum das duas tivesse nada mais interessante que roçar os lábios nos bicos da outra.”
  • - E?...
  • E apareceu no mestrado uma aluna novata chamada Teresa. Bem diversa de Isabelle, Teresa ostentava um cabelão cor asa-de-graúna em contraste com o alourado da outra. Teresa falava três palavras para cada uma que lhe entrava nos ouvidos, ao contrário da discreta Isabelle.
  • Quer deixar de embromação e ir logo ao ponto? Quero ouvir histórias de mulher a se lamber. Quero ouvir gritos de ai-que-gostoso-é-muito-melhor-que-com-meu-namorado!
  • Isso é jeito de uma sacrossanta mãe falar??
  • Sacrossanta a sua vovozinha.
  • Então o resto conta você.
  • Conto mesmo. Quero ver se não tiro essas três calcinhas em um par de minutos.
  • Seis e trinta. Até amanhã.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Centésima-quadragésima-sétima noite – Heloísa e as pupilas - uma transa a três (II)

  • Gilberte?
    Um par de minutos.
  • Gilberte?
  • Oi! Atrasada mas cá estou!
  • Como está o filho?
  • Quietinho. Dia de sorte hoje. Conta, vai.
  • A professora Heloísa e suas alunas?
  • Essa mesma. Anseio.
  • Lá vai:
Os olhos de uma certa Professora Heloísa [óculos de tomar metade do rosto, batom gloss bege, quarenta e poucos anos e um divórcio no currículo] circularam pela aula no primeiro dia da aula e bateram em Isabelle. Isabelle: vinte e três anitos, uma matrícula no mestrado, uma blusa com decote não muito sovina que lhe mostrava a alcinha do sutiã claroverde, no qual o olhar vagabundo da professora pousou. [A Professora Heloísa não era politicamente correta].
Nem politicamente correta nem psicologicamente ingênua: alguns aninhos de terapia a fizeram concluir que, depois de anos de joguinhos de algo-a-entrar-em-algo, queria uma variação. Não queria amor, não queria revolta: queria saber como era. E encontrou o que queria nas alcinhas do sutiã da recém-aluna Isabelle.
Nos cabelos escuros e lisos de Isabelle encontrou o alvo ou parque-de-diversões ideal: a garota só foi sua aluna por três semanas, passando depois da introdução à Universidade o curso para outro – ótimo pois aí evitava frescurites éticas. Terminara um namorico e viera do interior morar com uma tia convenientemente idosa. Perfeito.
A Professora Heloísa começou o cerco de idas a sorveterias e jogos de boliche, a duas.
Quando tudo parecia que se encaminhava para algum fim de noite com duas calcinhas uma sobre a outra em um canto de sala aconteceu algo inesperado...

  • O que foi? - perguntou Gilberta.
  • Tempo de reparar a escotilha. Continua amanhã.
  • Beijos. Ansiosa!

domingo, 6 de novembro de 2016

Centésima-quadragésima-sexta noite – Heloísa e as outras - uma transa a três (I)

  • Liberemos?
  • Liberemos. Como estão as coisas aí no Polo Sul? (Veja o episódio um).
  • Frias. E nem estou no Polo Sul. Estou na banquisa de … ah, deixa pra lá. Como vai seu filho?
  • Deixa pra lá. Estamos aqui para conversar ou para contar história de sacanagem?
  • A última opção, certo? Que quer que eu conte?
  • Uma história mulher-mulher!
  • Desejos ou recordações antigas?
  • Não é da sua conta, caro navegador do Polo! E então?
  • Era uma vez uma professora universitária chamada Heloísa. E uma aluna de mestrado chamada Isabelle. E outra aluna do mestrado chamada Teresa...
  • Eita, logo lés a três! Eheh
  • Minha caríssima Gilberte, cujo nome verdadeiro não conheço, que se identifica como uma jovem mulher separada com algum dinheiro e devotada mãe de um garoto deficiente: a questão que se nos coloca é como se vai de uma sala de aula...
  • O que é que a tal da professora Heloísa ensina mesmo?
  • Que tal astrofísica nuclear? A questão que se nos coloca é como se vai de uma aula de astrofísica nuclear para um quarto com uma cama esverdeada na qual a professora afunda com as orelhas pressionadas pelas coxas bronzeadas-no-Guarujá da sua aluna Isabelle, enquanto com a mão esquerda (ela é canhota) acaricia a macia florestinha clara entre as pernas de sua outra aluna Teresa. Quer ouvir? Está molhadinha?
  • Se quero. Está molhadinho?
  • A primeira lição que se aprende quando navegador solitário, minha cara Gilberta, é que, por mais que se abrigue, está-se sempre molhado. Então, quer ouvir a história da professora e das duas alunas?
  • Se quero! Quatro da manhã. Tenho de dar o remédio dele. Beijocas.

sábado, 5 de novembro de 2016

Centésima-quadragésima-quinta noite – Levar-te-ei a uma Orgia, Melissa Maria

Levar-te-ei a uma orgia [Melissa Maria] e nenhum de nós é santo. [Poderia ter escrito festa liberal, encontro de gente moderna, wifesharing, swing ou qualquer neologismo estadunidense mas preferi o mais claro, o mais óbvio. Pois somos claros, eu e tu, Melissa Maria].

Tu usarás [durante algum tempo] uma tanga de um suave vermelho-rosa que eu levarei dois séculos para escolher no catálogo online, além de um sutiã de renda tão vaporosa que alguns metafísicos de antigamente poderiam até duvidar que exista.

E não amarás [fisicamente ou de nenhum outra forma] nenhum além de mim. Isso deixarei mais claro que pedra ao sol brilhante [talvez para tua discreta decepção, Melissa Maria] pois não és santa [eu muito menos].

Morenos, brancos, alemães, negros, canhotos – nenhum deles terá importância [minha cruel Melissa Maria, e eu mais cruel do que tu]. Não passarão de pedaços de carne [carne viva em um açougue no qual para ti escolherei os melhores nacos]. Não serão patinho ou alcatra – serão pedaços mais penetrantes, mas pedaços de qualquer forma, a serem esquecidos depois do mesmo jeito.

E com os meus olhos comerei os teus olhos [teus olhos marcadamente castanhos, Melissa Maria] enquanto recebes os presentes – diferentes mas os quais cuidarei que sejam todos avultados.

Todos [italianos, negros, de olhos verdes ou da Romênia] serão todos eu, Melissa Maria. Pedaços de carne a serem dados de presente. E não amarás ninguém além de mim.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Centésima-quadragésima-quarta noite – Vejo [minha cara] a palavra clara

Vejo [minha cara] a palavra clara,
a palavra que continua com ce, principia com bo e termina com ta -
a palavra boceta.
[A tua].
E mais que a palavra [clara e cara] vejo a própria
que começa na junção das coxas,
cresce pela curva das ancas,
encontra-se na floresta fechada e negra
e termina a espiar de longe a depressão do umbigo.
Quero [minha clara] a palavra cara,
a palavra multimetaforizada,
a palavra espada,
mastro, torre de Pisa em pé,
ou qualquer metáfora para o simples monossílabo pau.
[o meu]
Imagino [cara e minha e clara]
a cena escura [ou quase]
meu pau a afastar os lábios da tua boceta
sem deslizar de filme porn nem gemidos de virgem.
No tamanho exato, caminho certo, concreto passo.
Almejo [minha e teu e nua, cara clara]
nós dois
[pau e boceta]
bem pequenininhos [depois]
um aninhado no outro
a sonhar com anjos
que também andam pelo Céu sem roupa.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Centésima-quadragésima-terceira noite – Em algum lugar longe

Imagino um país distante no espaço e no tempo – algum lugar que soe abstrato e onde qualquer história se torne verossímil. Imagino [digamos] a Irlanda, em 1916. [Houve uma revolução nessa mesma época, mas duvido que Sean e Chloe tivessem ligado para isso].

Sean marinheirava pelo mundo [algum navio da Booth Line que até beijava as costas do Brasil]; voltava seco e baboso depois de meses de sal e mar; e passava dos vinte centímetros. Chloe trabalhava de auxiliar de enfermeira; morava com uma tia surda em uma ponta de rua; e não era exatamente uma virgem.

E nenhum dos dois era de muita conversa.

Este ritual se passava entre cinquenta e duzentos e quarenta minutos depois do navio amarrar a primeira de suas cordas na doca [dependendo do fim do plantão dela].

Sean e Chloe não chegavam a trocar vinte palavras antes que Sean com suas mãos grandes [pois todo marinheiro tem as mãos grandes] suspendesse Chloe pela cintura como suspendera fardos de algodão prensado. Depositava-a sobre a cama de penas e afastava-lhe as coxas. E se antes não tivesse lembrado, com movimentos centrípetos reduzia-lhe a calcinha a dois ou três pedaços rasgados, enquanto Chole [olhos azuis] respirava profundo como o mar.

E o corpo de Chloe [delgado e branco] suportava com admirável resistência o peso e os golpes do marinheiro, enquanto lhe percorria as costas com os dedos, a rascunhar desenhos invisíveis.
E no final, era a enfermeira que queria tris.