quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Centésima-quinquagésima noite - Sejamos,

Vulgares e espalhafatosos sejamos, Antônio Marlos, e não haverá roupas intimas mais frágeis, mais vagabundas, mais sujas que aquelas que rasgarei na tua frente antes de separar minhas coxas em ângulo o mais obtuso, uma em Irauçuba outra em Sebastopol, como preparação ao sorvete misturado com gin de três réis a dúzia com o qual você me cobrirá e limpará com a língua.

Exagerados e gargalhentos nos tornemos, Antônio Marlos, e absorverei metade da produção do dia das fábricas de silicone, e no meio dos dois galhardos morros que se erguerão a teu olhar poderei ver sua camisa colorida-cafajeste de peixinhos, o peito tornado floresta amazônica e o jeans apertadíssimo a marcar cada relevo.

Incorretos e descensurados nos transformemos, Antônio Marlos, você se orgulhará de cada um dos muitos centímetros, e eu te direi que és o primeiro, e quando descobrires que não o és, eu te direi que és muito mais – o melhor.

Nós mesmos sejamos, Antônio Marlos, ou não o sejamos – transformando-nos em nós pelo avesso, em perfeita decência – a suprema e única decência de se ser o que se é.

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