segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Centésima-quinquagésima-primeira noite – Amor Socialista

A mais tola das histórias de amor [sendo amor uma palavra proibida] ocorreu em um cubículo num subúrbio de Sofia.

O Decreto 49-A do Comitê Central Proletário dos Trabalhadores Búlgaros [não sem intensos debates à luz da doutrina maximalista] decretou ser o amor uma herança burguesa. E que as cópulas [esse foi o nome escolhido] não poderiam ser abandonadas ao sentimento, devendo ser organizadas pelo Partido tendo em vista os interesses das massas trabalhadoras e o medo da queda da natalidade.

O Grupamento Jovem Outubro Vermelho obedientemente escalou seu primeiro casal para a primeira cópula socialmente dirigida.

Oleg Dimitrov [21 anos, estudante de engenharia química e atleta de vôlei do Instituto Técnico] encontrou Tatiana Nicolaievna [19 anos e porta-bandeira do 34º pelotão da Juventude Comunista] em um apartamento social, com uma cama, um banheiro e uma gravura da chegada de Lênin à estação Finlândia.

Sentaram-se.

Durante 31 minutos apenas os olhos azuis de Oleg encontraram os castanho-escuros de Tatiana.

Depois a mão direita dele procurou caminho entre a blusa semimilitar marrom da jovem. A mão esquerda dela procurou abrigo entre as coxas dele.

Saíram de lá duas horas e sete minutos depois.

A pesar desse aparente sucesso o decreto foi revogado em menos de 45 horas.

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