- Marcel?
- Oi.
- Muito frias as coisas?
- Estou perto da base russa.
- Ansiosa para o resto da história. A Professora Heloísa, a aluna Isabelle, e qual o problema?
- Lá vai:
- “...e tudo se encaminhava para o momento em que a divorciada e charmosíssima professora Heloísa e a solteiríssima e [quase] inocente vinte-e-poucos aluna Isabelle se encontrariam para um momento de disposição [ou curiosidade] em algum quartinho depois de algum por-do-sol em alguma sexta-feira na qual nenhum das duas tivesse nada mais interessante que roçar os lábios nos bicos da outra.”
- - E?...
- E apareceu no mestrado uma aluna novata chamada Teresa. Bem diversa de Isabelle, Teresa ostentava um cabelão cor asa-de-graúna em contraste com o alourado da outra. Teresa falava três palavras para cada uma que lhe entrava nos ouvidos, ao contrário da discreta Isabelle.
- Quer deixar de embromação e ir logo ao ponto? Quero ouvir histórias de mulher a se lamber. Quero ouvir gritos de ai-que-gostoso-é-muito-melhor-que-com-meu-namorado!
- Isso é jeito de uma sacrossanta mãe falar??
- Sacrossanta a sua vovozinha.
- Então o resto conta você.
- Conto mesmo. Quero ver se não tiro essas três calcinhas em um par de minutos.
- Seis e trinta. Até amanhã.
quarta-feira, 9 de novembro de 2016
Centésima-quadragésima-oitava noite – Heloísa e as pupilas - uma transa a três (III)
segunda-feira, 7 de novembro de 2016
Centésima-quadragésima-sétima noite – Heloísa e as pupilas - uma transa a três (II)
- Gilberte?Um par de minutos.
- Gilberte?
- Oi! Atrasada mas cá estou!
- Como está o filho?
- Quietinho. Dia de sorte hoje. Conta, vai.
- A professora Heloísa e suas alunas?
- Essa mesma. Anseio.
- Lá vai:
“Os olhos de uma certa Professora Heloísa [óculos de
tomar metade do rosto, batom gloss bege, quarenta e poucos anos e um
divórcio no currículo] circularam pela aula no primeiro dia da aula
e bateram em Isabelle. Isabelle: vinte e três anitos, uma matrícula
no mestrado, uma blusa com decote não muito sovina que lhe mostrava
a alcinha do sutiã claroverde, no qual o olhar vagabundo da
professora pousou. [A Professora Heloísa não era politicamente
correta].
Nem politicamente correta nem psicologicamente ingênua:
alguns aninhos de terapia a fizeram concluir que, depois de anos de
joguinhos de algo-a-entrar-em-algo, queria uma variação. Não
queria amor, não queria revolta: queria saber como era. E encontrou
o que queria nas alcinhas do sutiã da recém-aluna Isabelle.
Nos cabelos escuros e lisos de Isabelle encontrou o alvo
ou parque-de-diversões ideal: a garota só foi sua aluna por três
semanas, passando depois da introdução à Universidade o curso para
outro – ótimo pois aí evitava frescurites éticas. Terminara um
namorico e viera do interior morar com uma tia convenientemente
idosa. Perfeito.
A Professora Heloísa começou o cerco de idas a
sorveterias e jogos de boliche, a duas.
Quando tudo parecia que se encaminhava para algum fim de
noite com duas calcinhas uma sobre a outra em um canto de sala
aconteceu algo inesperado...
- O que foi? - perguntou Gilberta.
- Tempo de reparar a escotilha. Continua amanhã.
- Beijos. Ansiosa!
domingo, 6 de novembro de 2016
Centésima-quadragésima-sexta noite – Heloísa e as outras - uma transa a três (I)
- Liberemos?
- Liberemos. Como estão as coisas aí no Polo Sul? (Veja o episódio um).
- Frias. E nem estou no Polo Sul. Estou na banquisa de … ah, deixa pra lá. Como vai seu filho?
- Deixa pra lá. Estamos aqui para conversar ou para contar história de sacanagem?
- A última opção, certo? Que quer que eu conte?
- Uma história mulher-mulher!
- Desejos ou recordações antigas?
- Não é da sua conta, caro navegador do Polo! E então?
- “Era uma vez uma professora universitária chamada Heloísa. E uma aluna de mestrado chamada Isabelle. E outra aluna do mestrado chamada Teresa...
- Eita, logo lés a três! Eheh
- Minha caríssima Gilberte, cujo nome verdadeiro não conheço, que se identifica como uma jovem mulher separada com algum dinheiro e devotada mãe de um garoto deficiente: a questão que se nos coloca é como se vai de uma sala de aula...
- O que é que a tal da professora Heloísa ensina mesmo?
- Que tal astrofísica nuclear? A questão que se nos coloca é como se vai de uma aula de astrofísica nuclear para um quarto com uma cama esverdeada na qual a professora afunda com as orelhas pressionadas pelas coxas bronzeadas-no-Guarujá da sua aluna Isabelle, enquanto com a mão esquerda (ela é canhota) acaricia a macia florestinha clara entre as pernas de sua outra aluna Teresa. Quer ouvir? Está molhadinha?
- Se quero. Está molhadinho?
- A primeira lição que se aprende quando navegador solitário, minha cara Gilberta, é que, por mais que se abrigue, está-se sempre molhado. Então, quer ouvir a história da professora e das duas alunas?
- Se quero! Quatro da manhã. Tenho de dar o remédio dele. Beijocas.
sábado, 5 de novembro de 2016
Centésima-quadragésima-quinta noite – Levar-te-ei a uma Orgia, Melissa Maria
Levar-te-ei a uma orgia [Melissa Maria] e nenhum de nós
é santo. [Poderia ter escrito festa liberal, encontro de gente
moderna, wifesharing, swing ou qualquer neologismo estadunidense mas
preferi o mais claro, o mais óbvio. Pois somos claros, eu e tu,
Melissa Maria].
Tu usarás [durante algum tempo] uma tanga de um suave
vermelho-rosa que eu levarei dois séculos para escolher no catálogo
online, além de um sutiã de renda tão vaporosa que alguns
metafísicos de antigamente poderiam até duvidar que exista.
E não amarás [fisicamente ou de nenhum outra forma]
nenhum além de mim. Isso deixarei mais claro que pedra ao sol
brilhante [talvez para tua discreta decepção, Melissa Maria] pois
não és santa [eu muito menos].
Morenos, brancos, alemães, negros, canhotos – nenhum
deles terá importância [minha cruel Melissa Maria, e eu mais cruel
do que tu]. Não passarão de pedaços de carne [carne viva em um
açougue no qual para ti escolherei os melhores nacos]. Não serão
patinho ou alcatra – serão pedaços mais penetrantes, mas pedaços
de qualquer forma, a serem esquecidos depois do mesmo jeito.
E com os meus olhos comerei os teus olhos [teus olhos
marcadamente castanhos, Melissa Maria] enquanto recebes os presentes
– diferentes mas os quais cuidarei que sejam todos avultados.
Todos [italianos, negros, de olhos verdes ou da Romênia]
serão todos eu, Melissa Maria. Pedaços de carne a serem dados de
presente. E não amarás ninguém além de mim.
sexta-feira, 4 de novembro de 2016
Centésima-quadragésima-quarta noite – Vejo [minha cara] a palavra clara
Vejo [minha cara] a palavra clara,
a palavra que continua com ce, principia com bo e
termina com ta -
a palavra boceta.
[A tua].
E mais que a palavra [clara e cara] vejo a própria
que começa na junção das coxas,
cresce pela curva das ancas,
encontra-se na floresta fechada e negra
e termina a espiar de longe a depressão do umbigo.
Quero [minha clara] a palavra cara,
a palavra multimetaforizada,
a palavra espada,
mastro, torre de Pisa em pé,
ou qualquer metáfora para o simples monossílabo pau.
[o meu]
Imagino [cara e minha e clara]
a cena escura [ou quase]
meu pau a afastar os lábios da tua boceta
sem deslizar de filme porn nem gemidos de virgem.
No tamanho exato, caminho certo, concreto passo.
Almejo [minha e teu e nua, cara clara]
nós dois
[pau e boceta]
bem pequenininhos [depois]
um aninhado no outro
a sonhar com anjos
que também andam pelo Céu sem roupa.
quinta-feira, 3 de novembro de 2016
Centésima-quadragésima-terceira noite – Em algum lugar longe
Imagino um país distante no espaço e no tempo –
algum lugar que soe abstrato e onde qualquer história se torne
verossímil. Imagino [digamos] a Irlanda, em 1916. [Houve uma
revolução nessa mesma época, mas duvido que Sean e Chloe tivessem
ligado para isso].
Sean marinheirava pelo mundo [algum navio da Booth
Line que até beijava as costas do Brasil]; voltava seco e baboso
depois de meses de sal e mar; e passava dos vinte centímetros. Chloe
trabalhava de auxiliar de enfermeira; morava com uma tia surda em uma
ponta de rua; e não era exatamente uma virgem.
E nenhum dos dois era de muita conversa.
Este ritual se passava entre cinquenta e duzentos e
quarenta minutos depois do navio amarrar a primeira de suas cordas na
doca [dependendo do fim do plantão dela].
Sean e Chloe não chegavam a trocar vinte palavras antes
que Sean com suas mãos grandes [pois todo marinheiro tem as mãos
grandes] suspendesse Chloe pela cintura como suspendera fardos de
algodão prensado. Depositava-a sobre a cama de penas e afastava-lhe
as coxas. E se antes não tivesse lembrado, com movimentos
centrípetos reduzia-lhe a calcinha a dois ou três pedaços
rasgados, enquanto Chole [olhos azuis] respirava profundo como o mar.
E o corpo de Chloe [delgado e branco] suportava com
admirável resistência o peso e os golpes do marinheiro, enquanto
lhe percorria as costas com os dedos, a rascunhar desenhos
invisíveis.
E no final, era a enfermeira que queria tris.
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