Imagino um país distante no espaço e no tempo –
algum lugar que soe abstrato e onde qualquer história se torne
verossímil. Imagino [digamos] a Irlanda, em 1916. [Houve uma
revolução nessa mesma época, mas duvido que Sean e Chloe tivessem
ligado para isso].
Sean marinheirava pelo mundo [algum navio da Booth
Line que até beijava as costas do Brasil]; voltava seco e baboso
depois de meses de sal e mar; e passava dos vinte centímetros. Chloe
trabalhava de auxiliar de enfermeira; morava com uma tia surda em uma
ponta de rua; e não era exatamente uma virgem.
E nenhum dos dois era de muita conversa.
Este ritual se passava entre cinquenta e duzentos e
quarenta minutos depois do navio amarrar a primeira de suas cordas na
doca [dependendo do fim do plantão dela].
Sean e Chloe não chegavam a trocar vinte palavras antes
que Sean com suas mãos grandes [pois todo marinheiro tem as mãos
grandes] suspendesse Chloe pela cintura como suspendera fardos de
algodão prensado. Depositava-a sobre a cama de penas e afastava-lhe
as coxas. E se antes não tivesse lembrado, com movimentos
centrípetos reduzia-lhe a calcinha a dois ou três pedaços
rasgados, enquanto Chole [olhos azuis] respirava profundo como o mar.
E o corpo de Chloe [delgado e branco] suportava com
admirável resistência o peso e os golpes do marinheiro, enquanto
lhe percorria as costas com os dedos, a rascunhar desenhos
invisíveis.
E no final, era a enfermeira que queria tris.
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