- Gilberte?Um par de minutos.
- Gilberte?
- Oi! Atrasada mas cá estou!
- Como está o filho?
- Quietinho. Dia de sorte hoje. Conta, vai.
- A professora Heloísa e suas alunas?
- Essa mesma. Anseio.
- Lá vai:
“Os olhos de uma certa Professora Heloísa [óculos de
tomar metade do rosto, batom gloss bege, quarenta e poucos anos e um
divórcio no currículo] circularam pela aula no primeiro dia da aula
e bateram em Isabelle. Isabelle: vinte e três anitos, uma matrícula
no mestrado, uma blusa com decote não muito sovina que lhe mostrava
a alcinha do sutiã claroverde, no qual o olhar vagabundo da
professora pousou. [A Professora Heloísa não era politicamente
correta].
Nem politicamente correta nem psicologicamente ingênua:
alguns aninhos de terapia a fizeram concluir que, depois de anos de
joguinhos de algo-a-entrar-em-algo, queria uma variação. Não
queria amor, não queria revolta: queria saber como era. E encontrou
o que queria nas alcinhas do sutiã da recém-aluna Isabelle.
Nos cabelos escuros e lisos de Isabelle encontrou o alvo
ou parque-de-diversões ideal: a garota só foi sua aluna por três
semanas, passando depois da introdução à Universidade o curso para
outro – ótimo pois aí evitava frescurites éticas. Terminara um
namorico e viera do interior morar com uma tia convenientemente
idosa. Perfeito.
A Professora Heloísa começou o cerco de idas a
sorveterias e jogos de boliche, a duas.
Quando tudo parecia que se encaminhava para algum fim de
noite com duas calcinhas uma sobre a outra em um canto de sala
aconteceu algo inesperado...
- O que foi? - perguntou Gilberta.
- Tempo de reparar a escotilha. Continua amanhã.
- Beijos. Ansiosa!
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