Amemos entre, Ariana – entre campos,
entre rios, entretantos, entre os seios. Entre o passado e o futuro, entre o
plano e o resultado, entre o aqui e o outro lado, entre os dois.
Os dois – altos, alvos, dominantes
[eu humilde criado Ariana]. Serviçal pressuroso a satisfazer os desejos de
ambos – e ao contrário do que diz a Bíblia, é sim plenamente possível servir a
dois senhores ao mesmo tempo.
Entre Evereste e Mont Blanc,
entre São Paulo e Rio, entre Grécia e Troia, entre Tese e Antítese, serei a
Síntese e me esparramarei entre ambos [minha dialética Ariana] pressionado e
protegido, o mundo inteiro morno e apertado.
Entre um e outro e não serei indeciso
[minha decididíssima Ariana] não há erro nem virtude, apenas os dois, comigo,
humilde e zeloso alpinista a contemplá-los da base porém a desejar o ponto mais
alto, ou ambos.
Entre rosados e escuros, elipses de
Kepler ou perfeitos círculos da Cosmografia Ptolomaica, eu [com a humildade dos
Astrônomos Clássicos] saberei que a mim cabe apenas a contemplação da harmonia,
a dois, sem jamais alcançá-la, ou até alcançando-a afinal, e afinal beijando-a
afinal, à beleza – ou à beleza em dois.
E eu [rio Colorado em meio ao cânion]
sentir-me-ei extenso e profundo, oprimido e acolhido, a contemplar a beleza do
céu, mais bela porque vista lá do fundo.
E ali mesmo nos amaremos [Ariana],
entretantos, entre campos, entre rios, entre os seios.