Tu serás Imperatriz do Lago Balkash
ou das nascentes do rio lena [por aí], aquela que [dizem] o Poder e o Tédio
Absolutos fez baixar um edital: Riquezas e Luxos infindos àquele que
satisfizesse os reclamos da soberana – e a cabeça cortada aos candidatos que
não. [As estrofes dos bardos da Corte e os raros Lobos-Guarás do Zoológico do
Palácio não seriam suficientes para distrair-lhe os dias, e culpá-la quem
haveria de?]
O Prêmio atraiu muitos e a
perspectiva da punição repeliu muitos mais: escravos louros do Épiro,
bronzeados da Núbia, guerreiros da Noruega – todos encolheram [em todos os
sentidos da palavra] com o temor do fracasso.
Somente eu [ó minha Rainha]
apresentar-me-ei diante de teu trono, e será no trono mesmo – não esperarei nem
aias nem veneráveis conselheiros deixarem o Salão e três passos me deixarão bem
perto de ti e das tuas pernas, as quais separarei [antes mesmo de te dizer bom
dia, e para que essas delicadices cordiais?] com minhas mãos a quase dar a
volta nas tuas coxas.
E tu [minha pobre rainha] terás de te
segurar no espaldar do trono para aguentar o movimento, o mesmo que fará os
bicos se moverem em admirável ritmo próprio a marcar sutil melodia.
E te colocarei de joelhos e ficarei
de joelhos também [escravos um do outro, em eterna submissão soberana]. E me
nomearás Entretenedor Oficial da Imperatriz – cargo com ouro e joias e tendo
que me dedicar apenas a desenvolver bíceps e a eliminar teu tédio – emprego
indigno afinal, mas nem tudo que é bom é digno.
Nenhum comentário:
Postar um comentário