sábado, 28 de maio de 2016

Centésima-décima-primeira noite - Novos falsos Dante e Beatriz

Beatriz Portinari não morreu. [Seu túmulo na capela de uma ruazinha de Florença se encontra vazio, ou ocupado por tesouros ou documentos de incomensurável valor de acordo com a versão que se consulte]. E por discutível que seja essa imortalidade alguém que viveu há sete séculos, a versão mais imaginativa [embora não a mais fantástica] insiste que vive até hoje, em um paraíso de poetas e suas musas, junto com Homero, Milton e Paulo Leminski. Há porém [sobre Beatriz Portinari] afirmações mais ousadas.

Todos conhecem a História: aqui a Casa dos Alighieri – ali o Sobrado dos Portinari. Entre ambas a capela – o único lugar onde a adolescente dos Portinari podia se encontrar com Dante, o adolescente dos Alighieri. E os olhares furtivos, as promessas de amor eterno, o exílio do político eterno perdedor Dante, o casamento forçado dela com um velho chato e gordo, a morte intacta, os livros de poemas dedicados posteriormente por ele. Uma história romântica [talvez] em demasiado para ser real.

Uma velha alcoviteira, que contou para uma lavadora de pratos, que relatou para uma cozinheira, que afirmou para um escriba, revelou que as matas de Florença abrigaram histórias de arrepiar os cabelos dos poetas do romantismo que divulgaram a versão standard, todas envolvendo Beatriz de quatro e o jovem Dante a contemplar o Céu e gemer, sem que isso envolvesse qualquer sentimento celestial, e com muitas poucas sedas venezianas a cobrirem seus corpos. Esta versão [talvez tão incrível quanto a normal] pode ter [no entanto] efeitos imprevisíveis sobre o afluxo turístico, razão pela qual é pouco provável que as agências de viagem e o Governo da Itália a endossem.

Um comentário:

  1. Muito belo e sedutor!

    Bjos-Óptimo Domingo
    Hoje, gostava de receber a sua carinhosa visita.

    AQUI» http://deliriosamoresexo.blogspot.pt/

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