terça-feira, 31 de maio de 2016

Centésima-décima-quarta noite - Não mais santos, Júlia Carolina

Somos corretos e dignos [Júlia Carolina] mas em meu sonho não o seremos mais. Aventureiros e jovens, chegaremos a cidade estranha de terra vagamente liberal [que tal Praga, ou melhor ainda Budapeste] e lá a falta de vil metal e o desejo de aventuras nos puxarão para uma dessas boates da pesada. Bom casalzinho que somos, a proposta será pura, quase inocente – só nos dois [monogamia total] fazendo de tudo defronte à plateia.

Diante de luzes faiscantes estroboscópicas e rock mais que pauleira eu te porei de quatro [Júlia Carolina], você vestindo um par de brincos de argolona para enfatizar o balanço do corpo, e mais nada. Eu sem ser espadachim porém já em guarda desaparecerei uma parte do meu corpo no teu – e indeciso, mudarei de ideia e sairei, para um décimo depois visitar-te de novo, e depois sair, enquanto tu gritas uma ópera com letras que só tu entenderás.

E não teremos vergonhas ou vilezas [Júlia Carolina] e a quantidade da plateia (cem? Duzentos? Novecentos e noventa?) para nós não passará de mero número [seu barulho só um fundo sonoro, sua imagem sufocada pelos refletores amarelos]. E eu [em um palco em alguma distante e liberal cidade] tirarei de ti todas as virgindades que algum dia nem imaginaste ter, e, cercados de gente, estaremos sós [Júlia Carolina], na solidão que [no fundo] sempre cerca os amantes.

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