E
não recomecemos do começo [Carla Teresa], mas por trás - eu por
trás de você, Carla Teresa.
Você
de quatro, uma blusa negra a livrá-la da nudez total – mas não o
suficiente para ocultar o ondular dos seios no movimento – eu
surfista a a aproveitar as vagas de seu corpo.
Recomecemos,
caríssima Carlíssima, e não recomecemos sós. De nosso casto
quarto de amor-a-dois percebermos que temos plateia [algumas amigas,
depois amigos] e isso só nos afagará o ardor. Em nosso delírio
esse punhado se transformará em plateia de teatro, de centenas
[você, eu e uma colchonete ridiculamente azul-choque sobre o palco,
na posição onde ficaria o piano Steinway] nossos
gritos a interpretar uma outra sinfonia.
E
perceberemos [minha tão surpresa Carla Teresa] que nos amamos no
meio de um estádio [a cama grande mas pequena dentro do círculo
central] – estádio cheio, close no seu rosto no telão no início
do segundo gozo e a expectativa do geiser
a disparar delicados jatos de amor na curva das tuas costas.
E
nessa era de reality-shows
faremos o nosso, próprio – nosso amor físico e cármico
distribuir-se-á por satélite para cento e trinta e um ou cento e
trinta e dois milhões [só o Ibope saberá o número exato] – o
que a nós [olhos fechados juntos na tomada da câmera em ângulo de
corte cima-a-baixo] importará menos que duas folhas secas.
Recomecemos,
Carla Teresa, e não recomecemos íntimos – pelo contrário – que
o mundo reconheça que recomeçamos.
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