quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Centésima-trigésima-quarta noite – Nâo sou um anjo

Não sou um anjo apesar de ser Mariângela, e sem nenhum vestígio de pudor declaro que um dos meus objetivos depois que completei meus trinta-e-cinquinho era fazer com que Cristino Roberto deixasse de sê-lo [nome estranho com o apelido boboca de Betinho, vinte anitos, zero namoradas, carinha de querubim, volume mais que razoável na sunga negra na qual eu o flagrei na piscina, primo de amiga de colega, a presa ideal – e eu não sou um tubarão].

Convidei-o para castos sorvetes, partidas de tênis amador, almoços em self-services bem família. Aos poucos, e bem aos poucos, a centimetragem das minhas saias foi diminuindo, assim como a pressão dos panos contra contra as minhas pernas, cada vez mais apertadas em midi, mini ou micro bermudas e calças legging. Arrastei-o a uma prainha de leve, eu orgulhosa da nossa diferença de idade, a fazer os olhos do garoto saltarem com dois fiozinhos a me substituir as laterais do biquíni.

Uma pane do sistema de refrigeração do carro salvou tudo. Já estava a pensar que tudo ficaria nesse low-key desejinho não-realizado quando debrucei no motor, garagem trancada, bermudinha de fiapos - e senti a respiração de búfalo. As mãos do menino coadjuvaram e em breve eu [quase-professora] o ensinava a nobre arte de explorar o corpo de uma garota de quatro. Isso depois de dar micro-aulas sobre as artes não menos nobres de vestir a borracha e deslizar calcinhas até os tornozelos.

E assim transformei Betinho em não-anjo. Malvada, não?

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