Não sou um anjo apesar de ser Mariângela, e sem nenhum
vestígio de pudor declaro que um dos meus objetivos depois que
completei meus trinta-e-cinquinho era fazer com que Cristino Roberto
deixasse de sê-lo [nome estranho com o apelido boboca de Betinho,
vinte anitos, zero namoradas, carinha de querubim, volume mais que
razoável na sunga negra na qual eu o flagrei na piscina, primo de
amiga de colega, a presa ideal – e eu não sou um tubarão].
Convidei-o para castos sorvetes, partidas de tênis
amador, almoços em self-services bem família. Aos
poucos, e bem aos poucos, a centimetragem das minhas saias foi
diminuindo, assim como a pressão dos panos contra contra as minhas
pernas, cada vez mais apertadas em midi, mini ou micro bermudas e
calças legging. Arrastei-o a uma prainha de leve, eu orgulhosa da
nossa diferença de idade, a fazer os olhos do garoto saltarem com
dois fiozinhos a me substituir as laterais do biquíni.
Uma pane do sistema de
refrigeração do carro salvou tudo. Já estava a pensar que tudo
ficaria nesse low-key
desejinho não-realizado quando debrucei no motor, garagem trancada,
bermudinha de fiapos - e senti a respiração de búfalo. As mãos do
menino coadjuvaram e em breve eu [quase-professora] o ensinava a
nobre arte de explorar o corpo de uma garota de quatro. Isso depois
de dar micro-aulas sobre as artes não menos nobres de vestir a
borracha e deslizar calcinhas até os tornozelos.
E assim transformei
Betinho em não-anjo. Malvada, não?
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