segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Centésima-trigésima-oitava noite – Hamlet comeria Ofélia

Em um mundo perfeito Hamlet comeria Ofélia.

O Príncipe Hamlet [convenhamos] é um chute no saco de joias e tesouros afanados pelo seu excelso pai [sem imaginação nenhuma também denominado Hamlet]. Um ser rastejante naquele castelo lúgubre a disparar indiretas que os pobres cortesãos da Dinamarca só aguentam por ser ele filho da rainha. Isso no mundo de hoje.

Em um mundo perfeito Hamlet prensaria Ofélia em uma das paredes de pedra do Castelo de Elsinore [preferencialmente uma que desse para o sol, para a duquesinha não sentir muito frio]; pressionaria com seu joelho entre suas coxas até que ela as afastasse; seguraria no seu queixo para obrigá-la a mirar na pupila dos olhos dele [que não seriam indecisos]; esperaria que ela fechasse os olhos em sinal de entrega e então lhe aplicaria um desentupidor de pia que talvez provocasse um par de tremores de terra na Polônia, na Noruega e algum outro reino vizinho.

E terminariam [muito depois] a contemplar juntinhos a lua nórdica, deitados em rosas, ele a encaracolar no dedo algum cacho da garota, os dois com muitas poucas sedas nobres a lhe cobrir o corpo, ou nenhuma.

E não haveria drama, mas ninguém sentiria falta.

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