terça-feira, 18 de outubro de 2016

Centésima-trigésima-segunda noite – Dos 99 seios da deusa Khali

Dos noventa e nove seios da deusa Khali eu [que não sou deus] beijei apenas dois – os dois que seitas heréticas dizem ser os únicos que existem. Os bicos escuros [Khali é afinal indiana] me sufocaram os lábios e a visão, e se tornaram os polos de um universo delimitado em seu início e fim por ela.

Das duzentas e quarenta e nove vaginas da deusa Khali eu [que não sou explorador] penetrei apenas uma – a única que certos tratados de teologia Vipassana afirmam ser de fato – e nela perdi-me, encontrei-me e tornei a sair, íntimo e estranho, místico sem regras.

Dos quatrocentos e três olhos da deusa Khali dois – os dois que segundo certas narrativas vedas encantam o mundo - foram suficientes para encantar-me, jogar-me ao solo das pradarias de Cachemira (ou do asfalto de São Paulo) e me fazer de fâmulo, cavalo e estopa. Entrevi seu rosto, orando algum mantra em sânscrito ou indochinês enquanto eu tentava respirar o ar filtrado pelos seus mui negros pelos (Khali é afinal indiana].

Dos doze mil e cinquenta e sete futuros possíveis para a deusa Khali [que não é deusa] eu [que roço seus pés como se fosse] escolhi todos, ou três – os únicos três que segundo alfarrábios que só existem em minha cabeça asseveram ser os relevantes: em um deles traspassá-la-ei com o falo, amante supremo; noutro, conquista-la-ei pelo estômago, com iguarias vedas ou ensopados à brasileira; e no terceiro farei compras no supermercado, limparei o chão da sala com amônio e aroma de rosas, e a porei para dormir.

Nenhum comentário:

Postar um comentário