Dos
noventa e nove seios da deusa Khali eu [que não sou deus] beijei
apenas dois – os dois que seitas heréticas dizem ser os únicos
que existem. Os bicos escuros
[Khali é afinal indiana] me sufocaram os lábios e a visão, e se
tornaram os polos de um universo delimitado em seu início e fim por
ela.
Das
duzentas e quarenta e nove vaginas da deusa Khali eu [que não sou
explorador] penetrei apenas uma – a única que certos tratados de
teologia Vipassana afirmam ser de fato – e nela perdi-me,
encontrei-me e tornei a sair, íntimo e estranho, místico sem
regras.
Dos
quatrocentos e três olhos da deusa Khali dois – os dois que
segundo certas narrativas vedas encantam o mundo - foram suficientes
para encantar-me, jogar-me ao solo das pradarias de Cachemira (ou do
asfalto de São Paulo) e me fazer de fâmulo, cavalo e estopa.
Entrevi seu rosto, orando algum mantra em sânscrito ou indochinês
enquanto eu tentava respirar o ar filtrado pelos seus mui negros
pelos (Khali é afinal indiana].
Dos
doze mil e cinquenta e sete futuros possíveis para a deusa Khali
[que não é deusa] eu [que roço seus pés como se fosse] escolhi
todos, ou três – os únicos três que segundo alfarrábios que só
existem em minha cabeça asseveram ser os relevantes: em um deles
traspassá-la-ei com o falo, amante supremo; noutro, conquista-la-ei
pelo estômago, com iguarias vedas ou ensopados à brasileira; e no
terceiro farei compras no supermercado, limparei o chão da sala com
amônio e aroma de rosas, e a porei para dormir.
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