quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Centésima-trigésima-terceira noite – Serás minha secretária, Carla Teresa

Serás candidata a minha secretária [Carla Teresa]: cabelo puxado num coque para trás, óculos tamanho king size, batom gloss vermelho-sangue, vestido bem acima do joelho, e um jeitinho ao encostar os lábios na ponta do lápis, ao ouvir os requisitos do cobiçado emprego ao qual te candidatas.

Serei o executivo que te entrevistará [Carla Teresa] – pouco acima dos trinta, solteiríssimo, terno Armani última geração, bíceps moldados a academia e uma capacidade de distinguir quem é anjinha e quem não é – e verá que não és [Carla Teresa] e eu muito menos.

Na nossa entrevista [27o andar de algum cubo de vidro em Sampa ou Nova Iorque] discorrerei sobre a necessidade de saber línguas – e tu, a morder a ponta do dedo mindinho, concordarás que a língua é muito, muito importante – enquanto eu vislumbrarei [na tua cruzada de pernas] que a ansiedade da entrevista te fez esquecer a calcinha.

Direi que nunca vi melhor candidata e, quando nos aproximarmos para assinar o contrato [teu Chanel 5 a me encher narinas e vidas] eu acrescentarei [sério], que o mesmo contrato incluindo o uso regular de tua vagina pagaria o triplo. E tu [depois de meditar dois segundos] o aceitarás.

Honesta, tu me dirás que faz questão de um teste prévio. E testá-la-ei [Carla Teresa] sobre a mesa de jacarandá – e o esquecimento da calcinha tornará tudo mais prático.

E serás contratada, Carla Teresa, minha secretária muito especial, e eu teu executivo idem.

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