Fugiremos do mundo [minha cara Tássia] ou ele fugirá de nós –
e o que realmente ocorrerá é questão bizantina que deixo ao talante de inúteis especialistas.
Irromperemos [talvez] em uma ilha [uma ilha deserta - oh, esse lugar tão comum dos
sonhos românticos e eróticos]. Não falaremos [não falaremos nem mesmo da inutilidade
do ato de falar] – ao invés disso ergueremos, exploraremos, brincaremos de escorregador
um no outro, não deixaremos caminho por percorrer. Deixaremos marcas de semente
e alegria nas ondas da areia finíssima.
E não pensaremos no mundo [minha cara Tássia] e na verdade termos
sinceros dúvidas sobre o cujo dito – sua existência para nós consistirá em objeto
de extensos colóquios filosóficos aos quais não teremos a menor vontade de assistir.
Covardes [talvez] diante da rudeza da vida [minha linda Tássia]
mas não castos, virgens, inocentes ou puros – e resta saber se quem não é nada
disso ainda é covarde. As palmeiras nos lembrarão nossos corpos e o que faremos
com eles, a espuma das ondas também, idem as nuvens à noite, mais ainda a
aguinha fria das fontes. Seremos eternos [Tássia] e eternamente nos entraremos –
pois pegos [presos] na eternidade do semissegundo.
Nós o faremos setecentas vezes, e quebraremos recordes para
gabarmo-nos [ou faremos uma vez, com a intensidade de setecentas, ou de
setecentas mil]. E não haverá essas plateias típicas de ilhas desertas – estrelas
cadentes, estrelas do mar e gaivotas brejeiras. Ou haverá – e isso apenas nos fará
mais extáticos.
Fugiremos do mundo [minha cara Tássia] ou ele fugirá de nós.
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