Por duzentas e trinta e nove
noites possuiu-me Manoela – ela Imperatriz e eu escravo, ela Comandante de Nave
Espacial e eu grumete novato, ela Proprietária de franquia de sucos naturais e
eu estagiário tímido. Poucas dúvidas havia [e além da retórica, não havia
nenhuma] sobre quem detinha a posição superior em todos os sentidos da
expressão.
Macacão prateado de ficção
científica classe B, tailleur verde-forte de executiva, uniforme de oficiala da
Cortina de Ferro em filme de James Bond, Manoela vestiu muitas roupas [e despiu
mais ainda] antes de se aproximar – as mesmas que eu [estagiário ou grumete] só
tirava sob suas ordens – eu a morder os lábios de timidez.
E Manoela impregnou-me de
ordens, e me fez fechar os olhos [ou abri-los ao máximo], vestiu-me de Tarzan
ou de ternos iguaizinhos aos de John Kennedy – isso, pouco antes de tirá-los
peça por peça, e depois de uma peça teatral particular [da qual era a
diretoria, produtora e público] mandar-me fechar a porta com cuidado ao sair.
Uma Diretora e Roteirista que se esmerara em deletar as palavras respeito,
decência e pureza além de seus equivalentes sinonímicos da nossa vida, da tal
nave ou da loja de sucos.
Por duzentas e trinta e nove
noites possuiu-me Manoela, ela Imperatriz e eu escravo. E hoje é a
ducentésima-trigésima-nona noite.
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