Os Pérfidos Amores de Margarita nunca foram escritos. De fato este romance biográfico [que
não era um romance e não chegava a ser exatamente biográfico] não passava de um
projeto de roteiro, a ser filmado no último bimestre de 1949 mas que na verdade
nunca chegou a sê-lo, por arrependimento daquele que nunca chegou a ser seu
diretor.
O roteiro [acusado não inteiramente
sem razão de transparecer alguma incoerência e mágoa] começava na inocente
infância de uma inocente menina chamada Margarita [e ênfase talvez exagerada na
inocência se torna explicável pelo que veio depois].
Na segunda parte, Margarita
tornara-se mulher. E que mulher – alta, cabelos louros pintados [e uma testa
alargada à base de dolorosos tratamentos], e aquele olhar de Seduziria-até-o-Todo-Poderoso-se-quisesse.
E seduziu não o autor do
Mundo mas um autor de filmes tímido baixote e gordote. Casaram-se, todos os big-shots de Hollywood como padrinhos.
O momento picante do roteiro
começava com a viagem do tal tímido e gordote para o Ceará ou para o País
Basco, atrás de experiências que ninguém teria. E Margarita [já reduzida a
Rita] tirava o vestido para um e o sutiã para outro, às vezes para dois ao
mesmo tempo. Ou três.
Obviamente destinado a mostrá-la
como ser cruel e o marido como pobre vítima, o filme nunca chegou a ser
completado. O marido [agora ex] e diretor achou demais para seu coração.
E Rita Hayworth e Orson
Welles nunca mais se viram.
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