sábado, 4 de novembro de 2017

Centésima-septuagésima-primeira noite – Os Amores de Margarita

Os Pérfidos Amores de Margarita nunca foram escritos. De fato este romance biográfico [que não era um romance e não chegava a ser exatamente biográfico] não passava de um projeto de roteiro, a ser filmado no último bimestre de 1949 mas que na verdade nunca chegou a sê-lo, por arrependimento daquele que nunca chegou a ser seu diretor.

O roteiro [acusado não inteiramente sem razão de transparecer alguma incoerência e mágoa] começava na inocente infância de uma inocente menina chamada Margarita [e ênfase talvez exagerada na inocência se torna explicável pelo que veio depois].

Na segunda parte, Margarita tornara-se mulher. E que mulher – alta, cabelos louros pintados [e uma testa alargada à base de dolorosos tratamentos], e aquele olhar de Seduziria-até-o-Todo-Poderoso-se-quisesse.

E seduziu não o autor do Mundo mas um autor de filmes tímido baixote e gordote. Casaram-se, todos os big-shots de Hollywood como padrinhos.

O momento picante do roteiro começava com a viagem do tal tímido e gordote para o Ceará ou para o País Basco, atrás de experiências que ninguém teria. E Margarita [já reduzida a Rita] tirava o vestido para um e o sutiã para outro, às vezes para dois ao mesmo tempo. Ou três.

Obviamente destinado a mostrá-la como ser cruel e o marido como pobre vítima, o filme nunca chegou a ser completado. O marido [agora ex] e diretor achou demais para seu coração.

E Rita Hayworth e Orson Welles nunca mais se viram.

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