Serei Christopher Marlowe ou
Sam Spade [Private Eye - Detetive Particular]
e tu [Tássia] serás Tássia – um nome exótico, alatinado, perfeita para uma
Hollywood Film Noir [Los Angeles em 1944 pela janela de meu escritório].
Tu [Femme Fatale] te
sentarás na beira da minha escrivaninha, o vestido tubo preto apertadíssimo sem
alça [minha secretária a morder os lábios de ciúme na sala contígua], e me
contarás histórias de algum irmão sumido chantageado por uma quadrilha sobre um
colar de esmeraldas perdido do tempo dos faraós herdado de uma velha tia. E eu
[chapéu de feltro na mão e sorriso de Humphrey Bogart cópia xerox] perceberei que
é tudo cascata – o irmão é um ex-marido, o colar foi roubado, tu és a
verdadeira chefe da quadrilha e não me surpreenderia se houvesse uma Smith
& Wesson calibre 36 ao lado do teu Chanel n. 5 dentro dessa bolsa violeta.
Eu pedirei pagamento muito
especial em adiantamento e antes que tu tires duzentos dólares da bolsa eu apertarei
o vestido tubo e o conteúdo dentro dele entre minhas mãos e os lábios nos teus
[os teus com o inevitável batom paixão-sangue]. E minhas mãos levantarão o
tecido negro e mostrarão a cinta-liga [toda mulher fatal usa cinta-liga] e te
apoiarei na escrivaninha, farei voar meu chapéu e te livrarei dos saltos-altos,
do broche nos cabelos e de todo o mais.
E Humphrey Bogart [a comer
pipocas a ver nós dois em algum cinema lá no Céu] tirará mais uma baforada no
cigarro. E se roerá de inveja.
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