segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Centésima-septuagésima-oitava noite – História Noir

Serei Christopher Marlowe ou Sam Spade [Private Eye  - Detetive Particular] e tu [Tássia] serás Tássia – um nome exótico, alatinado, perfeita para uma Hollywood Film Noir [Los Angeles em 1944 pela janela de meu escritório].

Tu [Femme Fatale] te sentarás na beira da minha escrivaninha, o vestido tubo preto apertadíssimo sem alça [minha secretária a morder os lábios de ciúme na sala contígua], e me contarás histórias de algum irmão sumido chantageado por uma quadrilha sobre um colar de esmeraldas perdido do tempo dos faraós herdado de uma velha tia. E eu [chapéu de feltro na mão e sorriso de Humphrey Bogart cópia xerox] perceberei que é tudo cascata – o irmão é um ex-marido, o colar foi roubado, tu és a verdadeira chefe da quadrilha e não me surpreenderia se houvesse uma Smith & Wesson calibre 36 ao lado do teu Chanel n. 5 dentro dessa bolsa violeta.

Eu pedirei pagamento muito especial em adiantamento e antes que tu tires duzentos dólares da bolsa eu apertarei o vestido tubo e o conteúdo dentro dele entre minhas mãos e os lábios nos teus [os teus com o inevitável batom paixão-sangue]. E minhas mãos levantarão o tecido negro e mostrarão a cinta-liga [toda mulher fatal usa cinta-liga] e te apoiarei na escrivaninha, farei voar meu chapéu e te livrarei dos saltos-altos, do broche nos cabelos e de todo o mais.

E Humphrey Bogart [a comer pipocas a ver nós dois em algum cinema lá no Céu] tirará mais uma baforada no cigarro. E se roerá de inveja.

Nenhum comentário:

Postar um comentário