Vivamos, minha querida
[Tássia], e amemos, e as censuras desses velhos tão severos não valham para nós
um só centavo. A Roma Antiga ou a São Paulo de hoje empanturram-nos de tédio
[sem clorofórmio nem vinho do Lácio para contrabalançar], e empurram-nos para
longe. Tomarei um volume dos poemas de Catulo [terei prazer em te ver fazendo
tua mala] e sumiremos para longe – a Lusitânia talvez, ou lugar nenhum.
Tomaremos uma galera no
porto de Salerno [ou um voo da TAP, que importa] e desde que ponhamos os pés no
túnel do Aeroporto [ou na primeira pedra da Via Appia] tu serás minha, como
nunca.
Já existiu outra Tássia
[minha cara] e tinha nome parecido. Era casada, e não com Catulo, e o pobre
poeta roía os dedos de ciúme – e com os mesmos dedos tomava os pergaminhos e a
ela escrevia poemas de amor e algo mais.
Os mesmos poemas que
reescreverei [minha cara] não em pergaminhos mas em teu corpo, em alguma
meia-noite de um hotel da franquia Quality
Inn ou estalagem na Provincia
Narbonensis.
E esse poema a quatro mãos
[as tuas e as minhas] nós o escreveremos direto, inverso, de posição trocada, e
mais uma vez. Tu alpinista subirás a montanha, completamente no seu auge, e a
montanha serei eu.
Vivamos, minha querida, e
amemos, e as censuras desses velhos tão severos não valham para nós um só
centavo. E esse verso escreveu-o Catulo – ele escreveu e nós o viveremos. Pois
São Paulo ou Roma Antiga nos enchem de tédio, e fugiremos para a Lusitânia
talvez, ou para lugar nenhum.
Obs: queria fazer uma
coletânea de textos eróticos – mas noto que estão cada vez menos. Enfim...
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