sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Centésima-octogésima-segunda noite – Arrasaremos em baile Funk

Funkeira Tássia, arrasaremos em baile Funk. [Serás MC Tássia pois toda funkeira tem iniciais]. E eu serei MC Marcão, Paulão ou Ricão – e essa tempestade de aumentativos não dirá respeito à enormidade dos meus conhecimentos de álgebra ou epistemologia. Vulgar sem dúvida mas seremos vulgares [Tássia] – tanto quanto o meião rede de pescador e as botas cano longo vermelho-sangue de plástico que usarás além do microshort, e o meu jeans apertadíssimo a multiplicar cada saliência abaixo dele.

Para lá do para lá, curva-faz-o-vento, iremos ao galpão – pleno de tchutchucas, tigrões, bondes e demais nomenclaturas inacessíveis aos não-iniciados. Faremos dança [malfeita, mas quem se importa com os esmeros da arte coreográfica?]. E não será bem dança – serás sol [ou Planeta Júpiter talvez] e eu uma de suas luas – tu te baixarás até o rés do chão a sacudir mesmo o microbustiê e o pingente agarrado ao inevitável piercing no umbigo. Eu [a mandatória camiseta regata a salientar os bíceps e tríceps] piruetarei em tua volta e tentarei por seis vezes colar lábios-em-lábios – e tu me empurrarás dizendo que os três ou dezenove anteriores eram muito melhores, e cada insulto me fará quedar mais perto.

E na sétima vez [no previsível beco-lá-atrás] serei papel colado na parede e serás papel também, entre eu e o reboco. Explorarei a marca da tua lingerie e borrarei o batom gloss brilhento-púrpura. E tua mão se declarará inextricável inimiga do meu zíper.


Arrasaremos [Funkeira Tássia] em baile Funk.

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