Olívia Newton-John, serei o teu John,
o Travolta. Serás de qualquer lugar: Olívias havia em London, Buenos Aires e
Itaiçaba.
Compraremos Long-plays de Miss Lene e
das Frenéticas, tomaremos sorvete de maracujá com baunilha [os tempos eram mais
inocentes, ou não], e não despregarei olhos dos teus pés [talvez por alguma
patológica fixação – e também para conseguir não rir de tuas ridículas
meias dancing days de camadas de cor estridentes com fios
douradinhos].
Iremos a um Mingau-pop no
fim da tarde [sim, podem desterrar-me ao planeta Saturno mas o nome era esse
mesmo] e os tempos não eram melhores [Olívia]. Os tempos eram [em verdade]
muito chatos – apesar dos poucos carros [que nós achávamos que eram muitos] e
da possibilidade de voltar à meia-noite sem colapsar de medo.
Ou os tempos eram interessantes –
chatos éramos nós [Olívia e John] que não éramos o que éramos. Ou éramos – mas não
fazíamos o que devíamos fazer.
E o que devíamos: em primeiro lugar,
meditar sobre a implausibilidade de um futuro e a diminuta sabedoria de se
viver em função dele.
E em segundo lugar, eu deveria ter te
apoiado numa mesa [com cada mão a envolver uma dancing days], e afastado
as duas meias o mais que possível uma outra [com teus tornozelos dentro] – e a
calça cocota de barra baixíssima já previamente dobrada ao lado a
esperar. Uma membrana de borracha nos livraria de consequências aborrecidas e
seríamos Olívia e John.
Mas éramos chatos [Olívia, do
teu John], ou talvez os tempos é que fossem, mesmo.
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