A mais bela das Histórias de
Amor consiste também [e talvez] na mais sem graça.
O enredo é conhecido: a flor
da linhagem dos Portinari encontrou a epítome da família Alighieri. Era
Florença no século XIV e as inevitáveis cismas de família obrigaram a jovem [15
anos] Beatrice Portinari a ver o amado e jovem Dante Alighieri na igreja entre
a casa dos dois. Ver, literalmente – um namorico de olhares por cima de missais
debaixo da vigia de aias.
Ele obrigado a se exilar,
pela eterna política. Ela obrigada a casar-se pela não menos eterna economia. Com
um homem velho, feio, etc. Cai doente. Um mês depois morre. Ele recebe as
terríveis notícias. Muitos anos depois escreve a Divina Comédia, colocando-a
como uma das Virgens do Paraíso, eternamente acompanhando nossa senhora.
Tão nobre e pura história
desconvida a qualquer tentativa de escrever uma versão mais picante.
Uma Beatriz e Dante versão
adulta só poderia existir em um mundo antimatéria, daqueles de seriados dos anos
60, no qual os mesmos atores representavam o seu oposto, apenas com roupas de
cores inversas.
Hippies do ano 1300, uma
Beatriz antimatéria puxaria um Dante idem para vagarem pedindo carona [em
carroças, claro] pelos morros do Norte da Itália, onde copulariam como bichos –
em matas cheias deles por sinal, nessa época de pouca destruição ecológica.
O único problema é que talvez
Dante preferisse fazer coisas mais divertidas a escrever a Divina Comédia. O mundo consideraria isso uma grande perda. O jovem
casal talvez não.
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