quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Centésima-septuagésima-quarta noite – Dante e Beatriz Antimatéria

A mais bela das Histórias de Amor consiste também [e talvez] na mais sem graça.

O enredo é conhecido: a flor da linhagem dos Portinari encontrou a epítome da família Alighieri. Era Florença no século XIV e as inevitáveis cismas de família obrigaram a jovem [15 anos] Beatrice Portinari a ver o amado e jovem Dante Alighieri na igreja entre a casa dos dois. Ver, literalmente – um namorico de olhares por cima de missais debaixo da vigia de aias.

Ele obrigado a se exilar, pela eterna política. Ela obrigada a casar-se pela não menos eterna economia. Com um homem velho, feio, etc. Cai doente. Um mês depois morre. Ele recebe as terríveis notícias. Muitos anos depois escreve a Divina Comédia, colocando-a como uma das Virgens do Paraíso, eternamente acompanhando nossa senhora.

Tão nobre e pura história desconvida a qualquer tentativa de escrever uma versão mais picante.

Uma Beatriz e Dante versão adulta só poderia existir em um mundo antimatéria, daqueles de seriados dos anos 60, no qual os mesmos atores representavam o seu oposto, apenas com roupas de cores inversas.

Hippies do ano 1300, uma Beatriz antimatéria puxaria um Dante idem para vagarem pedindo carona [em carroças, claro] pelos morros do Norte da Itália, onde copulariam como bichos – em matas cheias deles por sinal, nessa época de pouca destruição ecológica.

O único problema é que talvez Dante preferisse fazer coisas mais divertidas a escrever a Divina Comédia. O mundo consideraria isso uma grande perda. O jovem casal talvez não.

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