Coração Profundo teve sua estreia mundial em três cinemas poeirentos nos subúrbios
oeste da cidade de Washington no dia 7 de agosto de 1971. Poeirentos e segundo
alguns, pulguentos – o que seria bem coerente com a trajetória cinematográfica
de um filme pornô segundo a turma dos que insistem em considerar a Sétima como
uma forma de Arte, sem esquecer uma ponta de moralismo.
A Obra de Arte Independe da Minha Vontade – essa frase [de erotismo zero] abria o filme,
projetada na tela por nove longos segundos, e seguida [e nisso o filme não decepcionou
sua plateia esperável] de cenas de uma jovem loura sem problemas com frio [pois usava muito poucas vestimentas, e
geralmente nenhuma] em agradável companhia [ao menos para os participantes] de musculosos
rapazes igualmente sem muito gasto com pano, e a posterior vinda de outras
moças, algumas morenas, outras nem tanto, etc.
A obra causou a reação habitual
da época a filmes excessivamente realistas. A defesa do seu diretor [através de
pseudônimo] é que não pretendia agradar – e sim mostrar o que achava que devia
ser mostrado. Que o cinema, nem a Arte, existiam para agradar quem quer que fosse
nem reforçar as crenças de ninguém. As cenas lá estavam, as moças e rapazes
também. Que cada espectador fizesse o que quisesse, com as cenas ou com sua
vida.
Essa tentativa de rodar um pornô
existencial foi compreensivelmente rejeitada e o filme recebeu carimbo vermelho
da censura.
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