terça-feira, 28 de novembro de 2017

Centésima-octogésima-quarta noite – Explícitos, Tássia

Explícitos, Tássia. E claros e diretos. E toda uma coorte de adjetivos que só expressam uma total falta de carinho, ternura, paixão, decência e outras bobagens que inexistem neste quarto de iluminação branca de chapa e esta mesa na qual a ponho [Tássia] e na qual minhas mãos abarcarão [quase] suas coxas e as afastarão, cada um uma em hemisfério diferente.

Olho no olho, desconheceremos em sua completude o significado dessa estranha palavra amor [talvez a marca de algum novo brand de bebida energética]. Saberei, no entanto, o triângulo misto de poliamida e algodão semitransparente com pseudobordados de folha de parreira que lhe envolve – envolve muito pouco de você, de tão pequeno que é. Isso, claro, antes de se tornar o monte de farrapos no que eu [selvagem talvez] o transformei, a fazer companhia no solo à tua minissaia, a uma só feita branca e nada decente.


E suas mãos me empurrarão [sem ternas carícias ou juras eternas] contra a parede, e os sapatos, meias, jeans e o resto se farão companhia no chão, e serei cola na parede [você será algum cartaz dadaísta ou de show de música eletrônica, e a parede será a parede] – eu no meio, recheio de sanduíche, e entre nós dois não haverá segredos [Tássia], não por conjunção de almas ou por algum diálogo respeitoso e adulto, mas porque não existirão mais panos ou botões a nos separar, e por que haveria.

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