E não restará mais ninguém
nesse mundo senão nós dois [minha quase solitária Tássia, e o mundo será o
planeta, a proverbial ilha deserta ou esse quarto. E nesse mundo [que seremos
nós e que será nosso] não existirá a palavra decência [em nenhum dicionário, e
aliás os dicionários também não existirão].
Assim como seus sinônimos
pureza, virgindade, castidade, respeito e pudor – todos serão empacotados e
atirados em algum armário poeirento do qual ninguém se lembrará da chave. E
seremos animais [minha mais que felina Tássia] – ou não o seremos – bichos não
amam direito, nem fisicamente – querem só a eternidade da sua espécie. E nós
[minha e/tenra Tássia] queremos a indecência eterna – a mesma indecência que
não existirá, pois tudo será como é. E trocaremos de posição, e voltaremos à
anterior, e inexistirá qualquer pedaço de nós dois [corpos ou almas, qual a
diferença?] que deixe de ser explorado.
Não descansaremos –
tomaremos alguns momentos [importa seu tamanho? Segundos, sécilos?] para
acumular mais [como a represa antes de romper de tanta água] e voltaremos ao
que nunca deixamos de fazer.
E o mundo não existirá,
minha cara Tássia – ou existirá, e seremos nós, e o inexistir da palavra
decência.