terça-feira, 31 de outubro de 2017

Centésima-sexagésima-nona noite – O Mundo seremos nós

E não restará mais ninguém nesse mundo senão nós dois [minha quase solitária Tássia, e o mundo será o planeta, a proverbial ilha deserta ou esse quarto. E nesse mundo [que seremos nós e que será nosso] não existirá a palavra decência [em nenhum dicionário, e aliás os dicionários também não existirão].

Assim como seus sinônimos pureza, virgindade, castidade, respeito e pudor – todos serão empacotados e atirados em algum armário poeirento do qual ninguém se lembrará da chave. E seremos animais [minha mais que felina Tássia] – ou não o seremos – bichos não amam direito, nem fisicamente – querem só a eternidade da sua espécie. E nós [minha e/tenra Tássia] queremos a indecência eterna – a mesma indecência que não existirá, pois tudo será como é. E trocaremos de posição, e voltaremos à anterior, e inexistirá qualquer pedaço de nós dois [corpos ou almas, qual a diferença?] que deixe de ser explorado.

Não descansaremos – tomaremos alguns momentos [importa seu tamanho? Segundos, sécilos?] para acumular mais [como a represa antes de romper de tanta água] e voltaremos ao que nunca deixamos de fazer.

E o mundo não existirá, minha cara Tássia – ou existirá, e seremos nós, e o inexistir da palavra decência.

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