Devassidão e Indecência: a história
licenciosa e imoral da célebre espiã Mata Hari – é esse o péssimo título do livro
[minha caríssima Tássia] e tal livro nunca foi escrito. Se o fosse [minha
leitora Tássia] ele o seria por mim.
Tu [é mais que claro] serias
Mata Hari – um cobra a se enrolar no corpo em números de strip-tease para oficiais franceses, a tanga de miçangas a ser
tirada em câmera lentíssima. E eu seria Jean Marcel [major, bigode louro e
planos secretíssimos de guerra no bolso da galocha].
E em troca desses planos
[minha espioníssima Mata Hari-Tássia] eu [em completo desafio ao patriotismo, à
lealdade e ao bom senso] te deitaria em mesas de bilhar [tu a beijar o pano
verde], seria teu liderado [você minha chefe, por cima de mim e de tudo]. Iríamos
[juntos, minha forte Tássia] para frente na vida, o que não me impediria de
[por vezes] ficar por trás, bem por trás de ti, minha cara Tássia, muito próximo,
enquanto tu de olhos fechados gritarias alguma quadra de Molière de trás para
diante.
E um dia [é claro] seríamos
pegos [como os espiões sempre o são]. Juízes com pele de tartaruga recriminariam
nosso desamor pela pátria, nossa desonra e falta de pudor, e iríamos juntos
[minha inefêmera Tássia] para a masmorra ou paredão, pois já teríamos vivido a
eternidade do momento.
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