Seremos livres [minha cara
Tássia] como talvez nunca o sejamos [livres como quem não existe]. Seremos
gigolô e protegida em alguma casa de proto-jazz em Nova Orleans em 1919, ou,
hoje mesmo, casalzinho tímido de colegas universitários – tímido só até agora.
Melhor – seremos livres e
tomaremos carona a rolar pela Europa – não a Torre Eiffel e outras obviedades. Pararemos
em Budapeste ou na capital da Letônia e a falta de dinheiro [ou a vontade de aparecer,
ou ambos] nos fará oferecer nossos serviços a uma boate underground de náuseas – dessas típicas de Hollywood, sem classe
mas com todo mundo bonito e com o dono a falar inglês perfeito.
E faremos [minha cara
Tássia, duas da manhã e plateia lotada de caras e louras] o nosso espetáculo, sem
temores de quem o suba ao Youtube
[não existiremos, lembra? E quem não existe não tem reputações a defender].
No palco [nossas roupas lá
no chão após strip a dois] eu te
apanharei de quatro, de oito, de onze, de quanto mais, de todas as formas
[minha versatilíssima Tássia] nenhuma delas decente, e te dobrarei em todas as
curvas de que teu corpo curvilíneo é capaz. Ajoelhar-me-ei na tua frente em
confissão, enquanto tu em pé de olhos fechados mirarás o teto de luz escarlate
e enterrarás tuas mãos em meus cabelos em sinal de absolvição.
E ao final nos curvaremos
aos aplausos e recolheremos os jeans e sairemos dando beijinhos. Para pegar
carona no dia seguinte a outra cidade na qual seremos igualmente livres, minha
cara Tássia.
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