segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Centésima-sexagésima-oitava noite – O Filósofo encontra o Anjo

O Diabo visitou George Frederico Guilherme na calçada próxima à janela do quarto de sua irmã a 25 de março talvez em 1785 ou 1786 [esse dia, aparentemente inexpressivo, marca nove meses para o nascimento de Cristo, e tal (possível) coincidência não deixou de ter seus intérpretes]. E o visitou em forma de mulher [na verdade de uma jovem, para combinar com a idade dele – então mal saído da adolescência]. Mulher bela [óbvio – o Inimigo é mau mas não burro].

O garoto [voltava da biblioteca] deixou a pilha de livros de gramática [o futuro Inimigo do gênero humano (segundo críticos conservadores) ainda não pensava em dialética, o Poder ou Napoleão (que seriam suas três obsessões futuras)]. A garota [na verdade o Diabo] inventou qualquer nome [Liz ou Helga, ninguém soube direito] e o chamou a sentar-se ao jardim [era noite em Stuttgart].

George pode ter pensado em rasgar-lhe o sutiã, beijar-lhe um bico enquanto acariciava o outro e em fazê-la mulher ali mesmo. Pode ter, embora [segundo alguns, que não adiantam uma razão precisa] pouco provável. Igualmente pouco provável era que tenha discutido sobre a sua ciência da história [ele ainda não a tinha].

O idílio [dizem] encerrou-o sua irmã, que acordara, e o puxou para dentro. E que era ciumenta dele.

De qualquer forma [diz quem o detesta] a garota não era o Diabo. Era um anjo. Diabo foi quem fez com que George Frederico Guilherme Hegel tenha desistido do Amor para fazer filosofia e plantar Revoluções.

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