O Diabo visitou George
Frederico Guilherme na calçada próxima à janela do quarto de sua irmã a 25 de
março talvez em 1785 ou 1786 [esse dia, aparentemente inexpressivo, marca nove
meses para o nascimento de Cristo, e tal (possível) coincidência não deixou de
ter seus intérpretes]. E o visitou em forma de mulher [na verdade de uma jovem,
para combinar com a idade dele – então mal saído da adolescência]. Mulher bela
[óbvio – o Inimigo é mau mas não burro].
O garoto [voltava da
biblioteca] deixou a pilha de livros de gramática [o futuro Inimigo do gênero
humano (segundo críticos conservadores) ainda não pensava em dialética, o Poder
ou Napoleão (que seriam suas três obsessões futuras)]. A garota [na verdade o Diabo]
inventou qualquer nome [Liz ou Helga, ninguém soube direito] e o chamou a
sentar-se ao jardim [era noite em Stuttgart].
George pode ter pensado em
rasgar-lhe o sutiã, beijar-lhe um bico enquanto acariciava o outro e em fazê-la
mulher ali mesmo. Pode ter, embora [segundo alguns, que não adiantam uma razão
precisa] pouco provável. Igualmente pouco provável era que tenha discutido
sobre a sua ciência da história [ele ainda não a tinha].
O idílio [dizem] encerrou-o
sua irmã, que acordara, e o puxou para dentro. E que era ciumenta dele.
De qualquer forma [diz quem
o detesta] a garota não era o Diabo. Era um anjo. Diabo foi quem fez com que George
Frederico Guilherme Hegel tenha desistido do Amor para fazer filosofia e
plantar Revoluções.
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