quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Quadragésima-nona noite – Velhos e não santos

Seremos velhos [Tássia] e não seremos santos. Um dia [minha querida Tássia] tu terás sessenta e cinco [e eu rodearei por uma década a mais]. Tu não serás tão diferente, nem serás a mesma. [Nós não seremos – aliás mudaremos principalmente porque teremos rasgado qualquer e todo vestígio de pudor – esse luxo dos menos-de-quarenta].

Eu te verei inteira, Tássia. O que eu não verei será o presente que te darei, pois tua boca o terá envolvido metade, rijo e a brilhar de tensão e borracha. [O presente virá acompanhado de um garotão, Tássia. De seus 30? 35? De idade, Tássia – com a centimetragem a ser ponto também forte].

Nos intervalos te consolarás [Tássia], com a tua experiente mão esquerda entre a penugem muito leve entre tuas coxas, enquanto com a direita acariciarás outra coxa [a do presente] e eu também me consolarei [como se adolescente fora, olhos colados na velha Playboy].

Tu te deixarás penetrar [minha doce Tássia] e o cara [novo lobo] uivará duas vezes para a lua. E isso espedaçará qualquer fiapo de dúvida tua – tu serás capaz de levantar um falo, Tássia, e não só o do teu homem – outro também, outros – e isso completará o teu ser mulher.

Seremos clássicos e conservadores, Tássia – o garotaço por cima, tu diligentemente por baixo, seguindo o tradicionalíssimo ritual – apenas com um diretor de cena [que serei eu] e uma protagonista que [a esta altura da carreira] desafiará a tolice de que deve entusiasmar-se apenas com chá e bolinhos. E seremos velhos, Tássia - e não seremos santos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário