quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Trigésima-quarta noite – Por sete semanas e meia

Por sete semanas e meia quis sodomizar Andréa Carolina. Levei-a a barzinhos hispster [peças de velhos Mercedes-Benz penduradas no teto], detonamos seguidos copázios de coquetéis Sommerfeeling e Greenwater e rimos muito [os dentes de Andréa Carolina, o marfim perfeito a encher minha visão] e no caminho de volta [caminho esse para o qual nutria tantas esperanças] nada.

Depois tornei-me fit. Vinha pegá-la à sete da madrugada no domingo [haltere de cinco quilos na mão] para corremos juntos na avenida fechada. Dividimos scoops de whey protein e tupperwares de salada de alface e pepino, Andréa Carolina com seu óculos de sol e sua legging apertadíssima cor-de-abóbora [que nunca me deixava esquecer meu desejo final]. Desejo que não se realizou.

Metamorfoseei-me em nerd. Baixei duas dúzias de programas ilegais ou não, colecionei contas de twitter, spotify, tumblr e mais parta-que-o-raio, aprendi a manejar três tipos de playstation e aprendi que RPG não é um tipo de ginástica. Encostava minha testa na testa de Andréa Carolina quando nossas mãos se juntavam no joystick ao jogar a última versão do warcraft. Mas quando ao nosso outro jogo, o silêncio.

Eu me transformei então em mais nada. Levei-a para casa após banalíssima água de coco – ela distraída, como que a medir a resistência da mesa da sala. E disse mais para si mesma acho que aguenta.

E debruçou-se, e a saia verde-abacate voou mostrando-me a tanguinha enfiada de cor idem. E este foi o último dia das sete semanas e meia em que quis sodomizar Andréa Carolina.

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