Sejamos
solitários, Helena Maria, e não sejamos infelizes. Olharemos um na íris do
outro e não faremos promessas, nem metade delas. Futuro [Helena Maria] para nós seja uma estranha palavra em
caracteres escritos em barro de uma língua esquecida de uma civilização que
nenhum arqueólogo se ocupou em desenterrar. E que a palavra agora, Helena Maria, para nós também
inexista – ocupados que estaremos em vivê-la.
Fôssemos
muito jovens, Helena Maria, nós nos convidaríamos para um sorvete duas bolas de
baunilha e maracujá – mas não somos muito jovens. Deixaremos explícito que o
interesse de cada um de nós reside entre as pernas do outro – e quanto a mim,
também no que esconde o teu vaporoso e caríssimo sutiã Victoria´s.
Tu
me dirás [Helena Maria] com todos os fonemas a mais doce das declarações do [inexistente]
amor Eu te ofereço minha vagina e eu
te concederei o mundo [talvez nem tanto o mundo] mas o suficiente para preenchê-la
[plena].
Nós
nos abraçaremos [Helena Maria] e um quartinho seria para nós suficiente – não porque
tenhamos medo do universo mas porque ele [sem necessidade de apocalipse global]
teria [de súbito] teria perdido qualquer relevância que um dia pudesse ter tido.
E não somaremos tolas tecnicalidades, quantas entradas, saídas e resultados do
exercício – não faremos contabilidade entre lençóis. Sairemos a cantarolar a
velha canção solidão a dois, de dia faz
calor, depois faz frio.
E
seremos solitários, Helena Maria, e não seremos infelizes.
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