- Vagabundo.
Ordinário. Só serve para isso.
Ele
por cima, ela embaixo. Tudo na mais rigorosíssima partitura. Ele achava que a
comia. Até abrirem a porta do quarto da pousadinha. Até ele se deitar em cima –
com um medo [talvez ingênuo] de machucá-la. Ela disparou à queima-roupa uma rajada
de palavras.
-
Mete, cachorro. Soca, pedaço de lixo.
E deu-lhe
uma chave de pernas que dariam a ele trabalho de se livrar – e os olhos reviravam
quase como filme de terror de terceira [ele sem ter nada a ver pensou]. A cada
segundo que ele perigava perder a concentração ela lhe estapeava a coxa nua.
- Vai,
seu puto. Não para.
O rapaz
continuou o trabalho e o falo a entrar e sair da faixa perfeitamente negra
entre as coxas da mulher lhe deu a impressão de que tirando aquele pedaço dele,
o resto era inútil ali – exceto talvez a dupla pequena redondeza entre suas
coxas, cujo choque ritmado contra o corpo dela também era pela mulher
celebrado.
- Não
vale nada, seu gigolô. Pedaço de estrume. Mais duro.
Sentiu-se
quase estúpido por se achar insultado. Tinha vontade de reparar seu orgulho
dizendo que era muito mais que um corpo, e mais ainda que um pedaço de carne em
forma crescível e alongada para provocar prazer a ela: era um jovem trabalhador
que de vez em quando até arranhava um violão.
Era o
que pensou. Mas continuou a fazer o trabalho dele requerido. Ela lhe estapeou
de novo a coxa.
- Mete,
vagabundo. Só serve para isso.
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