sábado, 20 de fevereiro de 2016

Quinquagésima-primeira noite – No futuro

Penso em um mundo futuro, e em um mundo futuro [2099? 2457?] minhas clientes se chamariam Amjakx ou Mexroy [enfim, quem se importa com nomes futuros?]. E nesse mundo as mulheres [as donas do dinheiro, das naves espaciais e de tudo] sairiam de seus escritórios com pastas de algum material subatômico loucas para relaxar. E haveria dois tipos de homens – e eu não seria do primeiro tipo.

Eu passaria o dia todo em praias e academias, dedicado a manter aquilo que verdadeiramente importará em um homem – uma pele bronzeadéssima, um bumbum recordista de firmeza e um acima de tudo presente com muitos, muitos centímetros. Isso fará toda a diferença depois das oito da noite – na boate just for women em que eu faria ponto.

Do palco eu veria o femearal a se entupir de álcool e cigarro e a se contar piadas pesadas. No meu número eu multiplicaria gestos precisos, os poucos panos que me cobririam a cair gradativos. Eu iria mostrar e ocultar, e retardar ao infinito o momento em que a sunga negra aterrissaria ao chão – os assobios como fundo musical.

E depois sempre haveria uma [ou duas, ou sete – um rapaz precisa ganhar a vida] para a qual eu faria um espetaculozinho muito particular. E minha cliente [seria você?] me tocaria como o objeto ao qual comprou – o que estaria muito vizinho da realidade.

E depois a consumidora relaxaria [cigarro na mão] a se queixar do maridinho, em casa, sujo de ovo e de criança, a quem ama, certo, mas que não a compreende. E eu ouviria compreensivo, mas de olho no relógio para ver entrar a próxima.

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