Penso
em um mundo futuro, e em um mundo futuro [2099? 2457?] minhas clientes se chamariam
Amjakx ou Mexroy [enfim, quem se importa com nomes futuros?]. E nesse mundo as
mulheres [as donas do dinheiro, das naves espaciais e de tudo] sairiam de seus
escritórios com pastas de algum material subatômico loucas para relaxar. E
haveria dois tipos de homens – e eu não seria do primeiro tipo.
Eu passaria
o dia todo em praias e academias, dedicado a manter aquilo que verdadeiramente importará
em um homem – uma pele bronzeadéssima, um bumbum recordista de firmeza e um acima
de tudo presente com muitos, muitos centímetros. Isso fará toda a diferença depois
das oito da noite – na boate just for
women em que eu faria ponto.
Do
palco eu veria o femearal a se entupir de álcool e cigarro e a se contar piadas
pesadas. No meu número eu multiplicaria gestos precisos, os poucos panos que me
cobririam a cair gradativos. Eu iria mostrar e ocultar, e retardar ao infinito o
momento em que a sunga negra aterrissaria ao chão – os assobios como fundo musical.
E
depois sempre haveria uma [ou duas, ou sete – um rapaz precisa ganhar a vida] para
a qual eu faria um espetaculozinho muito particular. E minha cliente [seria você?]
me tocaria como o objeto ao qual comprou – o que estaria muito vizinho da
realidade.
E
depois a consumidora relaxaria [cigarro na mão] a se queixar do maridinho, em
casa, sujo de ovo e de criança, a quem ama, certo, mas que não a compreende. E
eu ouviria compreensivo, mas de olho no relógio para ver entrar a próxima.
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