No
dia anterior ao dia em que tu completares cinquenta e cinco anos [Tássia] eu te
darei um presente. [No dia anterior, pois o dia mesmo é aquele dos inocentes bolos
e telefonemas de família e etc.]
Será
um presente [Tássia] simétrico: vinte e dois anos de idade – vinte e dois centímetros
de comprimento, e com a circunferência matematicamente proporcional já
considerada a devida plastificação.
Eu [cuidadoso]
vasculharei por teu presente [Tássia] vestiários de clubes e academias de ginástica.
Por ti analisarei volumes sob sungas e bermudas, e também bíceps e tríceps, que
embora não participantes diretos, comporiam a decoração.
Deixarei
claro [Tássia] que sou mero escolhedor e não final beneficiário. Acalmarei
olhos ansiosos, baixarei pulsações com minhas palavras tranquilas. Esclarecerei
[sábio] que poucos homens são bafejados pela fortuna, e aqueles a quem falarei
o serão – com teus cinquenta e cinco anos, teus cabelos abaixo dos ombros e tua
porcentagem de músculos [quase] perfeita [Tássia] tu és sorte e sonho.
Eu
[admirador do grande teatro de Shakespeare e Sófocles] viveria minha noite de
diretor dramatúrgico – e como tal comporia a cena, faria as marcações, determinaria
a sequência - mas não pisaria o palco.
E tu
serias a grande estrela [Tássia] diva que, acompanhada de [mero] coadjuvante, encheria
os olhos e corações da plateia.
Plateia
que seria eu, Tássia, no dia anterior ao dia em que completares cinquenta e
cinco anos.