sábado, 9 de janeiro de 2016

Nona Noite – Histórias para Tássia – Seríamos atores

“Se eu tivesse meu mundo, Tássia, seríamos atores – e falaríamos muito pouco em cena agiríamos muito, e usaríamos roupas apenas nos primeiros momentos – aqueles em que os clientes no DVD ou no Youtube tapam os ouvidos para as bobagens.
E eu te elevaria pela cintura (essa cintura de garota de programa, essa linda garotinha de programa que você seria) e contra o roteiro do filme (se é que filme da pesada se importa com um) te jogaria numa mesa (uma mesa bem fosca para você fosse a única a brilhar) e minhas mãos em garra (Tássia) abririam um rasgão na tua calça de moletom verdão (você apesar da experiência olharia mordendo os lábios para o câmera, para saber se isso estava mesmo no roteiro). E faria tua calcinha negra-transparente-quase-a-não-existir em pedaços tão pequenos que seria difícil a continuísta catá-los no chão depois).

E eu te comeria, Tássia, enfiaria em tudo que você tem de mais teu, em todo caminho explorado ou inexplorado por outros. E te comeria na frente do diretor, do câmera, da continuísta, do contrarregra, da garota que mede a luz. Enfiaria em cada buraco seu, Tássia, calma, alternadamente, e voltando para algum já penetrado antes. Eu te comeria na frente da equipe (eu vestindo minha tatuagem de longboard, você a usar apenas um Chanel 5), dos DVDs de revista barata, nos vídeos vazados em saites da pesada. E eu metendo em você Tássia (você de costas, de bruços, cavaleira, por trás e de lado). E esse comer seria o nosso verdadeiro, eterno e público casamento. 

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