Em
alguma tarde de Janeiro de Dois Mil e Dezesseis [ah, que tempos esses!] dançaríamos
um tango [nós dois] ao som do pen-drive espetado no teu mp3. Começaríamos [talvez]
com meu smoking [real ou, melhor ainda, imaginado] e tu com vestido que deixaria
muito espaço entre a franja de crochê esvoaçante e teus joelhos.
Os acordes
profundos de Corrientes 348 ou um
poema de Leminski nos levariam a algum cabaré [esquecido ou inexistente] colado
à Avenida Nove de Julho [Buenos Aires 1923?] com almofadas, cortinas pesadas e
gatos de porcelana para que não miassem
ao amor.
E continuaríamos
e eu te giraria [eu o bacana a girar
a minha pebeta em algum arrabalde em La Boca] e seguiríamos [não sem sexy
melancolia] o nosso Caminito, no qual
uma garota vê partir o rapaz para a capital, e pularíamos a parte inocente e pensaríamos
no que ela queria fazer com o rapaz, ou pibe,
quando este volviera.
Os acordes
de Gardel e as rimas de Lepera nos lembrariam o Futuro, que não existiria para
nós e para o qual não gostaríamos de nenhuma forma Volver, pois não haveria nem porquês nem lástimas. E não precisaríamos
de alfajores de Café Tortoni ou qualquer outro.
E a
essa altura [minha muchacha de arrabal]
rodopiaríamos [ridícula e lindamente] sem nada, eu e tu [sem precisar de
franjas ou bandoneons] ao som de La
Cumparcita tocada ao mp3, em algum final de tarde de Janeiro de Dois Mil e
Dezesseis.
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