segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Vigésima-quinta noite – Tango, a dois, sem nada, a lembrar Leminski

Em alguma tarde de Janeiro de Dois Mil e Dezesseis [ah, que tempos esses!] dançaríamos um tango [nós dois] ao som do pen-drive espetado no teu mp3. Começaríamos [talvez] com meu smoking [real ou, melhor ainda, imaginado] e tu com vestido que deixaria muito espaço entre a franja de crochê esvoaçante e teus joelhos. 

Os acordes profundos de Corrientes 348 ou um poema de Leminski nos levariam a algum cabaré [esquecido ou inexistente] colado à Avenida Nove de Julho [Buenos Aires 1923?] com almofadas, cortinas pesadas e gatos de porcelana para que não miassem ao amor.

E continuaríamos e eu te giraria [eu o bacana a girar a minha pebeta em algum arrabalde em La Boca] e seguiríamos [não sem sexy melancolia] o nosso Caminito, no qual uma garota vê partir o rapaz para a capital, e pularíamos a parte inocente e pensaríamos no que ela queria fazer com o rapaz, ou pibe, quando este volviera.

Os acordes de Gardel e as rimas de Lepera nos lembrariam o Futuro, que não existiria para nós e para o qual não gostaríamos de nenhuma forma Volver, pois não haveria nem porquês nem lástimas. E não precisaríamos de alfajores de Café Tortoni ou qualquer outro.


E a essa altura [minha muchacha de arrabal] rodopiaríamos [ridícula e lindamente] sem nada, eu e tu [sem precisar de franjas ou bandoneons] ao som de La Cumparcita tocada ao mp3, em algum final de tarde de Janeiro de Dois Mil e Dezesseis.

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