sábado, 30 de janeiro de 2016

Trigésima noite – Boa ação

Encontrão de casais, clubinho da pesada em Sampa com nome de antiga rainha egípcia e mulher nunca fez minha cabeça. [Chamo-me Teresa]. Exceção – ou perto disso: não foi uma nem cinco vezes que vi amiga louríssima ou morena, decotaço e manequim exato a chegar acompanhada de seu gatésimo  e lá pelo meio estar escanchada com alguma idade-da-loba também nos trinques, com o bicão da outra desparecido na boa e o gatésimo do lado a hastear a bandeira.

Naquela noite de 29 de abril tudo caminhava normal no clubaço: brincadeira adulta de gente muito adulta, os gemidos de praxe, um ou outro grito. A mulher de quatrinho, maridão perto sem participar, garotão a engatar o instrumento, bem fornido, vinte ou vinte e um argumentos bem medidos, por trás.
Súbito [e isso acontece muito] o inesperado – a mulher travou. Medinho na hora [talvez da avantajada vantagem que se aproximava] de alguma neurose-de-tempos-antigos que resolveu melar tudo logo agora, lá sei.

E outro inesperado – inesperado principalmente para mim – ajoelho-me. Toco no rostinho dela – um par de carícias na bochecha – e minhas mãos escorregam pelo pescoço magro, contornam o colo e encopam os amplos seios da mulher de quem eu nem sabia o nome. Ela fecha os olhos, no ceuzinho.

Com as costas de três dedos passo por quatro vezes nos bicos rosa, sentindo-os enrijecer a cada passada. O rapaz que de bobo não tinha nada aproveitou o momento de distração e vi os olhos esverdeados a duplicar de tamanho com o impacto. A partir daí fácil foi.

Uma boa ação minha. Sou uma boa garota.

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