quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Sexta Noite – Três Histórias de Loba (II): O Presente

Começou com aquela de vou lhe dar um presente. Casal de idade-meia: aquela em que a vida decola ou desaba. No caso decolou: ele aos 56 a levantar pesos na musculação – ela aos 47 enxutíssimos barriguinha-de-vinte-e-cinco, trinques-nos. Ele coração a dar latidos, exatos dezesseis dias antes do aniversário dela: Vou lhe dar um presente.
O presente: a compensação ter por casado virgem, machista beeem moderno. Ela a morder lábios perguntou se ele gostaria. Ele disse que s-s-s-s-im e as duas semanas seguintes foram a se roer de medo que ela desistisse.
Não desistiu: Motel com o nome idiota de Love´s Paradise, ele saiu do breguíssimo banheiro com piscininha de jato – na verdade saíram – com ele vinha o presente: vinte e dois anos e vinte e três centímetros – garoto tímido do interior morador em república de estudantes – que deu um trabalhão ao marido para convencer de que ele não seria nem degolado esquartejado ou abduzido por extraterrenos – apenas enterraria seu digníssimo instrumento onde ninguém poderia vê-lo – com o apoio e torcida do marido.
A visão dos dois falos um plastificado e outro ao natural a apontar-lhe não sem arrogância eliminou a taquicardia dela – abriu os braços, atraiu-os para si, mas, boa anfitriã, deu preferência ao visitante e trinta e sete segundos depois praticava o nobre esporte do hipismo com o rapaz como cavalo, que não sem timidez lhe tocava os bicos.

O marido preparava drinques – e pensava que a esposinha também não precisava ficar tão entusiasmada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário