- Está gostando?
- Quieto – disse ela.
Os
bicos escuros a dançar roçavam-lhe nos lábios enquanto ele estupidamente
pensava: o dobro perfeito. E era
mesmo: vinte e dois anos ele, quarenta e quatro ela. O sonho masculino: uma
festa em hotelzinho de praia oferecida por primo do amigo rico, o biquíni violeta
e os óculos-de-intelectual da conhecida da tia do amigo, a conveniente saída
deste chamado por outros para chope.
E a
conversa sem compromisso entre o estudante e a mulher em idade-de-loba. Sem
compromisso, mas não conversa mole – ela disfarçava cada vez menos as olhadas
ao volume na sunga do garotão. Volume este que crescia a cada espiada do rapaz à
marca do sutiã dela.
O
quarto no hotel que ela ocupava, convenientemente só dela, forneceu o cenário
perfeito. Ela ajoelhou-se, perfeito controle, diretora da peça, e seus dentes
lhe puxaram o fio da sunga. Não se passaram muitos segundos até que as mãos de
unhas bege-brilhante lhe libertaram o falo. Ela lhe passou as costas da mão e
ele reagiu em dois pulos – e ela o fez como quem examina o funcionamento de uma
peça.
Ele
obedeceu à ordem dela de se deitar, à ordem dela de ficar quieto enquanto ela empreendia
o seguro ritual da plastificação. Acostumado a obedecer, observou em silêncio o
próprio falo desaparecer, sugado pelos pelos dela, que o guiava com os ágeis
dedos e mirava de olhos fechados o teto de lâmpada quase-verde. Ele perguntou
se ela estava gostando e ela o mandou ficar quieto.
E
ele ficou.
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