segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Décima-oitava Noite – Hotel de Praia

- Está gostando?

- Quieto – disse ela.

Os bicos escuros a dançar roçavam-lhe nos lábios enquanto ele estupidamente pensava: o dobro perfeito. E era mesmo: vinte e dois anos ele, quarenta e quatro ela. O sonho masculino: uma festa em hotelzinho de praia oferecida por primo do amigo rico, o biquíni violeta e os óculos-de-intelectual da conhecida da tia do amigo, a conveniente saída deste chamado por outros para chope.

E a conversa sem compromisso entre o estudante e a mulher em idade-de-loba. Sem compromisso, mas não conversa mole – ela disfarçava cada vez menos as olhadas ao volume na sunga do garotão. Volume este que crescia a cada espiada do rapaz à marca do sutiã dela.

O quarto no hotel que ela ocupava, convenientemente só dela, forneceu o cenário perfeito. Ela ajoelhou-se, perfeito controle, diretora da peça, e seus dentes lhe puxaram o fio da sunga. Não se passaram muitos segundos até que as mãos de unhas bege-brilhante lhe libertaram o falo. Ela lhe passou as costas da mão e ele reagiu em dois pulos – e ela o fez como quem examina o funcionamento de uma peça.

Ele obedeceu à ordem dela de se deitar, à ordem dela de ficar quieto enquanto ela empreendia o seguro ritual da plastificação. Acostumado a obedecer, observou em silêncio o próprio falo desaparecer, sugado pelos pelos dela, que o guiava com os ágeis dedos e mirava de olhos fechados o teto de lâmpada quase-verde. Ele perguntou se ela estava gostando e ela o mandou ficar quieto.


E ele ficou.

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