“Se
eu pudesse ser quem sou, Tássia, eu arrebentava o zíper do teu jeans preto. Rasgaria
tua tanga de baixo a alto. Jogaria teus tênis cor de rosa a metros de distância.
Amassaria tuas meias azul-clarinhas. Faria com que saltassem cada um dos botões
de sua blusa. Esfarelaria teu sutiã vaporoso com crochês de folha de parreira.
”
“Se
eu pudesse ser quem sou, Tássia, as veias dos meus braços saltariam ao te
levantar pela cintura e te colocar em uma mesa. (Não uma mesa com toalha de
rosa e rendas, mas uma mesa forte, lisa e nua –como você, Tássia). E minhas mãos
te separariam os joelhos, o mais que eles pudessem, e ainda mais um pouco, e
entre o bosque negro surgiria um riacho delicado e carmim. ”
“Se
eu pudesse ser quem sou, Tássia, eu te giraria, e também me libertaria de
excesso de panos, e surgiria um outro eu, muito horizontal, a apontar-te sem hesitação
e pudor. E colocaria esse pedaço do meu eu entre o batom gloss bege de teus lábios,
Tássia, e desapareceria entre eles, cada vez mais fundo. Eu veria tua garganta esforçar-se,
Tássia, a abrigar vez mais de mim”.
“Se eu pudesse ser quem sou, Tássia, eu te
contemplaria como um gourmet a seu
banquete, e você seria o banquete, Tássia, e teus bicos muito saltados seriam
as cerejas do bolo. ”
“Se
eu pudesse ser quem sou, Tássia, eu desapareceria inteiro em você, meus cabelos
a confundir-se com os seus. E você se remexeria, Tássia, e clamaria por dó. Piedade
essa que eu não teria, Tássia, não teria”.
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