quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Vigésima-primeira noite – Histórias para Tássia - Na Mesa

“Se eu pudesse ser quem sou, Tássia, eu arrebentava o zíper do teu jeans preto. Rasgaria tua tanga de baixo a alto. Jogaria teus tênis cor de rosa a metros de distância. Amassaria tuas meias azul-clarinhas. Faria com que saltassem cada um dos botões de sua blusa. Esfarelaria teu sutiã vaporoso com crochês de folha de parreira. ”

“Se eu pudesse ser quem sou, Tássia, as veias dos meus braços saltariam ao te levantar pela cintura e te colocar em uma mesa. (Não uma mesa com toalha de rosa e rendas, mas uma mesa forte, lisa e nua –como você, Tássia). E minhas mãos te separariam os joelhos, o mais que eles pudessem, e ainda mais um pouco, e entre o bosque negro surgiria um riacho delicado e carmim. ”

“Se eu pudesse ser quem sou, Tássia, eu te giraria, e também me libertaria de excesso de panos, e surgiria um outro eu, muito horizontal, a apontar-te sem hesitação e pudor. E colocaria esse pedaço do meu eu entre o batom gloss bege de teus lábios, Tássia, e desapareceria entre eles, cada vez mais fundo. Eu veria tua garganta esforçar-se, Tássia, a abrigar vez mais de mim”.

 “Se eu pudesse ser quem sou, Tássia, eu te contemplaria como um gourmet a seu banquete, e você seria o banquete, Tássia, e teus bicos muito saltados seriam as cerejas do bolo. ”


“Se eu pudesse ser quem sou, Tássia, eu desapareceria inteiro em você, meus cabelos a confundir-se com os seus. E você se remexeria, Tássia, e clamaria por dó. Piedade essa que eu não teria, Tássia, não teria”.

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