- Gosta disso?
- Gosto.
Ele gaguejou
duas vezes ao responder.
- Então toma.
E as
unhas pintadas de violeta-choque se enterraram nos cabelos pretos do cara, e
puxaram-lhe a cabeça contra os cabelos mais negros ainda dela, que encheram os
lábios dele e lhe entraram intrometidos pelo nariz, a minissaia jeans convenientemente
levantada e puxada de lado a tanga branca com estampas do Mickey.
Queria
devorar a novata do telemarketing. Em vez do medo ou da indignação esperáveis,
recebeu o olhar dela a percorrê-lo a baixo a alto, demorando em análise no
volume na calça azul-marinho. Por um par de segundos tolamente pensou a moça é veterana. Mas macho não recusa.
No
motel de segunda no Centro ele mal fechara a porta quando a mão dela o puxou para
a cama, deitado de costas, e ofereceu-lhe o espetáculo de sua faixa de pelos a
três dedos de distância do nariz dele, os joelhos dela a encostar nas orelhas do
colega, e perguntou se ele gostava daquilo.
E pouco
mais se ouviu no quarto com um tolo quadro de paisagem de moinho holandês, além
dos gemidos da moça, com ritmo impecável, que acompanhavam a pressão que ela
fazia do rosto dele contra o suave caminho róseo que ela oferecia.
Caminho
esse que enchia os olhos e boca do rapaz, e do qual sentiu a primeira descarga do
mel-de-amor da moça, acompanhada de gemidos apenas um pouco mais rijos.
O
garoto assustadiço dentro dele avisou a ele que, ao contrário da expectativa,
ele estava a ser usado. A jovem puxou-lhe a cabeça com um pouco mais de força.
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