“- Isso se
chama começa com bo continua com ce e termina com ta. Já viu?
Ela já vira – em revistinhas de nome gringo e websites da pesada que sempre dão um jeito de incluir no nome a palavra porn. Fora disso só em imaginação, sempre ajudada por trabalhos manuais. Mas macho é macho, mesmo com vinte e duas primaveras sempre que tem de conhecer o Kama Sutra, ou ao menos dizer que.
- Já – disse
ele sem convencer nem a Velhinha de Taubaté, a única que acredita no governo.
O cenário
[quase] de sempre: a festa de família rica na beira da praia - pouca roupa,
rapazes de calção justíssimo e a economista tia do afilhado.
A economista:
quarenta e dois aninhos, um divórcio celebrado anteontem, ex-marido de
consistência de geleia aguada e vontade de experiências de mulher livre. E
Afrodite coloca no caminho dela um universitário campeão-de-timidez, amigo do
amigo do primo em segundo grau do dono da festa, sem saber direito o que fazia.
Três chopes
depois ela o puxa para o quartinho ao lado da piscina – as mãos dela trancam a
porta e puxam o jeans da minissaia – e a tanga de um azul muito suave para o
lado.
- Já – diz
ele.
Se não vira, menos
vê – os pelos muito negros da mulher adulta e recém-separada que ele olhara
pela primeira vez havia uma hora e sete minutos lhe entravam pelas narinas,
enquanto os dedos firmes dela lhe puxavam sem dó a cabeça para si. Ela gemia.
Ele pensava se devia confessar tudo para a namoradinha.”
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