Foi
o não-casamento perfeito: Rebeka, 21 aninhos, a virgindade perdida há muitos
mas não tantos, cabelos encaracolados e família a três mil quilômetros, viera
para a cidade grande com dinheiro para a faculdade, mas não o suficiente para
batons Yves Saint Laurent e os Chanel número cinco. Marcelo, 36, muitas cédulas
de cem no banco e muita disposição. Tinha um fim de semana prolongado longe da
esposa chata – e a delicada tatuagem de golfinho no pulso esquerdo da jovem
universitária a lhe dar ideias. Tatuagem que ela mordiscou enquanto lhe cravava
os olhos cor de mel.
Ilha
em Angra dos Reis, desembarcaram. Pousada em ponta de praia, pé na areia. O
expediente: um bom dia papai-em-cima-de-mamãe, as pernas muito alvas de Rebeka separadas
como novata em noite de núpcias. Depois um café na cama com bolinhos de morango
e mais uma sobre a firme mesa de madeira, a jovem inclinada a contemplar ao
longe a paisagem da Mantiqueira.
Depois
o passeio na praia, com a tanga de asa alta da mulher, muito alta, muito
entrada, a proclamar à Ilha, à Província e ao Universo que aquela jovem mulher
já não era mais virgem – e que o homem ao seu lado e seu falo eram quem lhe
usavam o corpo.
Guardavam
o final da tarde para a sofisticação: eram então os dois que contemplavam a
bela montanha, pois olhavam na mesma direção, o corpo dele grudado sem saber
como se separar por trás do dela, a moça a franzir o rosto e sorrir, alternado
e misturado, numa lua de mel sem futuro e sem poréns.
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