sábado, 16 de janeiro de 2016

Décima-sexta Noite – Doce Caso de Amor Pago

Foi o não-casamento perfeito: Rebeka, 21 aninhos, a virgindade perdida há muitos mas não tantos, cabelos encaracolados e família a três mil quilômetros, viera para a cidade grande com dinheiro para a faculdade, mas não o suficiente para batons Yves Saint Laurent e os Chanel número cinco. Marcelo, 36, muitas cédulas de cem no banco e muita disposição. Tinha um fim de semana prolongado longe da esposa chata – e a delicada tatuagem de golfinho no pulso esquerdo da jovem universitária a lhe dar ideias. Tatuagem que ela mordiscou enquanto lhe cravava os olhos cor de mel.

Ilha em Angra dos Reis, desembarcaram. Pousada em ponta de praia, pé na areia. O expediente: um bom dia papai-em-cima-de-mamãe, as pernas muito alvas de Rebeka separadas como novata em noite de núpcias. Depois um café na cama com bolinhos de morango e mais uma sobre a firme mesa de madeira, a jovem inclinada a contemplar ao longe a paisagem da Mantiqueira.

Depois o passeio na praia, com a tanga de asa alta da mulher, muito alta, muito entrada, a proclamar à Ilha, à Província e ao Universo que aquela jovem mulher já não era mais virgem – e que o homem ao seu lado e seu falo eram quem lhe usavam o corpo.


Guardavam o final da tarde para a sofisticação: eram então os dois que contemplavam a bela montanha, pois olhavam na mesma direção, o corpo dele grudado sem saber como se separar por trás do dela, a moça a franzir o rosto e sorrir, alternado e misturado, numa lua de mel sem futuro e sem poréns.

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