domingo, 31 de janeiro de 2016

Trigésima-primeira noite – Histórias para Tássia – O Presente

No dia anterior ao dia em que tu completares cinquenta e cinco anos [Tássia] eu te darei um presente. [No dia anterior, pois o dia mesmo é aquele dos inocentes bolos e telefonemas de família e etc.]

Será um presente [Tássia] simétrico: vinte e dois anos de idade – vinte e dois centímetros de comprimento, e com a circunferência matematicamente proporcional já considerada a devida plastificação.

Eu [cuidadoso] vasculharei por teu presente [Tássia] vestiários de clubes e academias de ginástica. Por ti analisarei volumes sob sungas e bermudas, e também bíceps e tríceps, que embora não participantes diretos, comporiam a decoração.

Deixarei claro [Tássia] que sou mero escolhedor e não final beneficiário. Acalmarei olhos ansiosos, baixarei pulsações com minhas palavras tranquilas. Esclarecerei [sábio] que poucos homens são bafejados pela fortuna, e aqueles a quem falarei o serão – com teus cinquenta e cinco anos, teus cabelos abaixo dos ombros e tua porcentagem de músculos [quase] perfeita [Tássia] tu és sorte e sonho.

Eu [admirador do grande teatro de Shakespeare e Sófocles] viveria minha noite de diretor dramatúrgico – e como tal comporia a cena, faria as marcações, determinaria a sequência - mas não pisaria o palco.

E tu serias a grande estrela [Tássia] diva que, acompanhada de [mero] coadjuvante, encheria os olhos e corações da plateia.

Plateia que seria eu, Tássia, no dia anterior ao dia em que completares cinquenta e cinco anos.

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