sábado, 23 de janeiro de 2016

Vigésima-terceira noite – Les entre casais

Teresa olhou para os caracóis dos cabelos de Heloísa que mirou o lisão alourado de Teresa e as duas não podiam ser mais diferentes – exceto pelo fato de terem por volta de seus quarenta, vontade de experimentar as arquicelebérrimas coisas novas e de terem maridos malucos para verem suas esposas experimentarem as tais coisas com outra mulher. Barzinho-de-classe, canto propositadamente escolhido por ser mais escuro, as duas propositadamente posicionadas uma ao lado da outra, os maridos na ponta. Na cabeça de cada uma a pergunta mesma: como se canta outra mulher?

Um par de coquetéis Alexander e uma classudíssima cerveja Passchendaele ajudaram bastante e Teresa passava leve dois de seus dedos pela coxa da nova amiga a escutar-lhe as aventuras em uma praia de nudismo na Bahia.

Outro par de minutos e Heloísa afundava a língua na garganta da loura e os maridos a pular batidas do coração olhavam para os lados para ver se havia intrometidos.

O beijão continuou na Suíte Tropical de um motel chamado Hollywood´s Class. Teresa já não vestia nada a não ser a blusa bege e quanto à outra, apenas uma tanga esperavelmente vaporosa a separava do traje de Eva.


Coordenação total, como se tivessem feito dezenas antes: uma se ajoelhava, depois a outra. Ambas fizeram tesouras com as pernas. Em muito pouco gemidos encheram o quarto. Os maridos olharam-se, abestalhados. Depois caíram na gargalhada: acho que somos dispensáveis aqui e abriram mais uma Eisenbahn.

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