Teresa
olhou para os caracóis dos cabelos de Heloísa que mirou o lisão alourado de
Teresa e as duas não podiam ser mais diferentes – exceto pelo fato de terem por
volta de seus quarenta, vontade de experimentar as arquicelebérrimas coisas novas e de terem maridos malucos
para verem suas esposas experimentarem as tais coisas com outra mulher. Barzinho-de-classe,
canto propositadamente escolhido por ser mais escuro, as duas propositadamente posicionadas
uma ao lado da outra, os maridos na ponta. Na cabeça de cada uma a pergunta mesma:
como se canta outra mulher?
Um
par de coquetéis Alexander e uma classudíssima cerveja Passchendaele ajudaram
bastante e Teresa passava leve dois de seus dedos pela coxa da nova amiga a escutar-lhe
as aventuras em uma praia de nudismo na Bahia.
Outro
par de minutos e Heloísa afundava a língua na garganta da loura e os maridos a pular
batidas do coração olhavam para os lados para ver se havia intrometidos.
O
beijão continuou na Suíte Tropical de um motel chamado Hollywood´s Class. Teresa já não vestia nada a não ser a blusa bege
e quanto à outra, apenas uma tanga esperavelmente vaporosa a separava do traje
de Eva.
Coordenação
total, como se tivessem feito dezenas antes: uma se ajoelhava, depois a outra. Ambas
fizeram tesouras com as pernas. Em muito pouco gemidos encheram o quarto. Os
maridos olharam-se, abestalhados. Depois caíram na gargalhada: acho que somos dispensáveis aqui e abriram
mais uma Eisenbahn.
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