- Vamos a
três?
E as mãos
dela escorregam na mesa do barzinho em busca das deles. Que gelaram.
Ex-colegas da
pós, encontro-para-saudades, todos pouco depois dos trinta, um separado, ela
também, outro solteiro, empregos até razoáveis. Um par de coquetéis na cabeça
com cabeça de cada, sem esquecer o pouquinho de vodca. Muita conversa mole,
fofoca, as recordações aos poucos morrendo e ela como quem pede copo d´água faz
a pergunta fatalíssima. Os dois homens se olharam rápidos, e se tivessem
combinado não teriam tomado o gole adicional com maior sincronia.
A mesma
sincronia com que ela deslizou a calcinha-tanga não pouco transparente do
hotelzinho intimista-porém-classudo, com uma tola decoração estilo
mexicano-falso. Calma como Bruce Lee se colocou de quatro, dando aos dois a
esplêndida visão da faixa negra como graúna entre suas coxas. Os cavalheiros,
um a vestir apenas uma minúscula tatuagem adolescente perto da orelha e o outro
em uma ridícula cueca azul-clarinho, obedeceram bons meninos ao gesto dela em
direção a dois envelopes brancos com circulozinhos melados dentro.
- Você, pela frente.
E envolveu
com os lábios de um batom glitter de fosforescência quase bege dois terços do
amigo, enquanto o outro cavalheiro brilhante pela tensão e pela borracha
desapareceu quase inteiro entre os pelos negros muito suaves.
- Depois, troca – disse ela.
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