terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Décima-segunda Noite – Fantasias para Tássia (I): Sem Amor

- Tira toda a roupa, deita e abre as pernas.
Ela levantou a blusa fofa com estampa florida, fez a midi-saia deslizar pelos joelhos, a tanga quase vermelha fez companhia ao sutiã transparente na cadeira perto dos salto-alto. Colou o corpo na cama retangular, afastou as coxas mais que isso impossível, abriu os braços e fechou os olhos.
Ele sorriu quase a não perceber, com o suave caminho cor-de-rosa a surgir entre os pelos alourados da jovem.
Ela retesou-se o corpo ao se sentir dividida ao meio – e teria gritado a alertar metade da vizinhança da Rodovia QZ-6703 que ela era uma mulher que estava a ser empalada por um homem – se a mão dele não a tivesse tapado a boca. O falo do macho não simbolizava nada, muito menos amor – apenas era um instrumento de homem que golpeava com ritmo e sem qualquer vestígio de dó uma fenda de mulher – os bicos dela a dançar acusando cada golpe.
Os golpes que afinal a convenceram a abrir a boca em uma torrente de mete mais, de cachorro, de taquipariucaralho. Infindas estacadas depois ele se tirou – e ela sentiu uma sucessão de jatos  de creme branco e muito denso atingiu-lhe os bicos escuros e o queixo com extraordinária regularidade.
Creme esse que deu trabalho para tirar com a toalha azulíssima que ele lhe passou. Ela vestia de novo a saia jeans. Ele dava o nó na gravata.
- Tem uma racha incrível. Parabéns.

- Obrigada – disse ela, moça educada. E achou aquele elogio melhor que qualquer eu-te-amo.

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